Yamaha Deixa Jack Miller e Miguel Oliveira na Incerteza Sobre o Futuro na Pramac MotoGP em 2026
À medida que o Mundial de MotoGP entra na pausa de verão após o recente Grande Prémio da Chéquia, a incerteza paira sobre o futuro de Jack Miller e Miguel Oliveira, ambos ainda sem saber qual será o seu destino na equipa satélite da Yamaha, a Pramac Racing, para a temporada de 2026. Apesar da expectativa generalizada de que a Yamaha definiria a sua dupla de pilotos antes da pausa, o construtor japonês optou por adiar qualquer decisão, prolongando o suspense e adicionando camadas de intriga ao mercado de pilotos.
Contratação de Razgatlioglu pela Yamaha Gera Incerteza na Pramac
A situação começou a mudar rapidamente em junho, quando a Yamaha surpreendeu ao contratar Toprak Razgatlioglu, bicampeão do Mundial de Superbike (WSBK), com um contrato direto com a equipa de fábrica da MotoGP. A transferência do piloto turco do WSBK para o Mundial de MotoGP foi vista como um movimento ousado e estratégico da Yamaha, que procura regressar à luta pelo título. No entanto, a chegada iminente de Razgatlioglu para a temporada de 2026 criou um efeito dominó na estrutura da Pramac.
A equipa satélite, que mantém uma estreita ligação com a Yamaha, enfrenta agora uma reestruturação no alinhamento de pilotos para acomodar Razgatlioglu, e isso lançou dúvidas sobre o futuro tanto de Miller como de Oliveira. Embora Miller fosse inicialmente apontado como o mais provável a sair, devido ao contrato de apenas um ano para 2025, a visão de longo prazo da Yamaha — e a natureza complexa do contrato de Oliveira — tornaram ambos os pilotos vulneráveis.
Miller com Contrato Curto, Oliveira Ativa Cláusula de Desempenho
Jack Miller regressou à Pramac em 2025 com um contrato de apenas um ano, voltando à equipa que representou entre 2018 e 2020. O seu regresso foi interpretado como uma solução temporária, oferecendo flexibilidade a ambas as partes enquanto a Yamaha definia a sua estratégia a longo prazo. Muitos assumiram que Miller seria apenas um substituto provisório até à chegada de Razgatlioglu.
Contudo, a posição de Miguel Oliveira também está longe de ser segura. O piloto português assinou um contrato de dois anos com a Yamaha para correr pela Pramac até 2026, mas esse acordo inclui uma cláusula de desempenho. Segundo fontes próximas, essa cláusula foi ativada, já que Oliveira chega à pausa de verão como o piloto da Yamaha com menos pontos no campeonato. Com apenas seis pontos acumulados até ao momento na temporada de 2025, a Yamaha tem agora a possibilidade de rescindir o contrato sem incorrer em penalizações financeiras.
Como resultado, uma decisão que inicialmente parecia recair apenas sobre Miller tornou-se num cenário mais complexo, em que ambos os pilotos podem ser dispensados, dependendo dos resultados e das preferências estratégicas da Yamaha.
Decisão Final Adiada para Final de Agosto
Apesar da expectativa de que a Yamaha definiria a sua dupla da Pramac antes da pausa de meio da temporada, a marca decidiu prolongar o período de avaliação até ao final dos Grandes Prémios da Áustria e da Hungria, marcados para agosto. Isso significa que Miller e Oliveira terão de aproveitar estas duas corridas após a pausa para provar que merecem continuar na categoria rainha com a equipa satélite da Yamaha.
Este adiamento coloca ambos os pilotos numa situação delicada e incerta, sabendo que cada volta nas próximas duas corridas pode influenciar decisivamente a escolha final da Yamaha. Paralelamente, a Yamaha também está a considerar outras opções além do atual plantel.
Jovens promessas como Diogo Moreira e Manuel Gonzalez, ambos em destaque no campeonato de Moto2, estão a ser observados como possíveis investimentos futuros. Com Razgatlioglu a trazer talento e notoriedade, a Yamaha pode optar por emparelhá-lo com um jovem que possa desenvolver, em vez de manter veteranos que, embora experientes, oferecem menos margem de progressão.
Borsoi Admite que Processo Decisório é um “Puxa e Empurra”
Gino Borsoi, diretor de equipa da Pramac Racing, reconheceu que a situação atual é frustrante e confusa, com a Yamaha e a Pramac a evitarem assumir a responsabilidade pela decisão final. Em declarações ao portal SPEEDWEEK, Borsoi explicou que ambas as partes se encontram num impasse, apontando o dedo uma à outra.
“Neste momento, o mais fácil é colocar a responsabilidade do outro lado,” disse Borsoi. “Eu digo que é a Yamaha que tem de decidir, e eles dizem que é com a Pramac. E assim continua.”
O dirigente enfatizou que a decisão será tomada em conjunto entre a Yamaha e a Pramac, mas salientou que as cláusulas contratuais e os prazos legais em vigor impedem qualquer definição antes do encerramento do período de avaliação.
“É uma decisão partilhada, como sempre foi, mas há contratos envolvidos. De momento, esses contratos estão ativos e, até que o prazo termine, não estamos em posição de finalizar nada. Para já, resta-nos esperar e ver o que acontece nas próximas semanas.”
Miller com Futuro no Mundial de Superbike?
Enquanto o futuro de Miller na MotoGP permanece incerto, um possível salto para o Mundial de Superbike (WSBK) ganha cada vez mais força. Com a saída de Razgatlioglu da equipa da BMW no final de 2025, abre-se uma vaga importante no projeto da marca alemã — e Miller surge como um nome bem cotado para ocupar esse lugar.
Esta possível mudança desperta interesse, já que o estilo agressivo de Miller pode adaptar-se bem às máquinas do WSBK. Além disso, seria uma nova oportunidade para o australiano relançar a carreira após algumas temporadas inconsistentes na MotoGP.
Outro destino possível para Miller seria a equipa de fábrica da Ducati no WSBK. O australiano tem uma longa história com a marca de Bolonha, tendo representado tanto a equipa oficial como a estrutura satélite da Pramac. Um regresso à “família Ducati” — embora noutra competição — poderia reacender o seu desempenho num ambiente mais familiar e competitivo.
Contudo, é a Honda quem parece mais empenhada na contratação de Miller. A fabricante japonesa terá mesmo apresentado uma proposta formal para integrar o australiano na sua equipa de Superbikes em 2026. Nesse cenário, Miller seria uma peça-chave no esforço da Honda para melhorar os seus resultados na competição de base de produção, onde tem ficado atrás da concorrência nos últimos anos. Fala-se ainda de uma possível parceria com Jake Dixon, estrela da Moto2, também apontado como alvo da Honda para o projeto no WSBK.
A Yamaha, no entanto, poderá complicar os planos da Honda. Se decidir dispensar Miller da MotoGP, poderá ainda tentar mantê-lo nas suas estruturas de competição, oferecendo-lhe um lugar no projeto de Superbikes, beneficiando assim da sua experiência e capacidade de desenvolvimento.
Oliveira Apontado a Papel de Desenvolvimento Técnico
Caso a Yamaha opte por manter Miller e libertar Oliveira, o piloto português poderá assumir um novo papel nos bastidores do paddock da MotoGP — muito provavelmente como piloto de testes e desenvolvimento. Com experiência acumulada em várias equipas e construtores da categoria rainha, Oliveira possui um conhecimento técnico valioso que poderia ser essencial para a Yamaha melhorar a sua competitividade.
Esta transição representaria uma mudança significativa para Oliveira, que há pouco tempo era considerado uma das grandes promessas da grelha. Lesões e falta de consistência têm prejudicado a sua trajetória, mas a sua visão técnica e postura tranquila poderão torná-lo num trunfo importante fora das corridas.
Áustria e Hungria Serão Palco de Julgamento Final
Com a Yamaha a basear a sua decisão final nos resultados dos Grandes Prémios da Áustria e da Hungria, tanto Miller como Oliveira enfrentam agora uma fase decisiva que poderá determinar os seus destinos na MotoGP. Cada sessão de qualificação, cada volta em pista e cada resultado final poderá ser determinante na escolha de quem permanece.
Enquanto isso, Gino Borsoi, a equipa Pramac e todo o paddock da MotoGP aguardam o desfecho desta análise, enquanto a Yamaha tenta equilibrar desempenho atual, cláusulas contratuais e perspetiva de futuro, com o objetivo de construir uma equipa sólida ao lado da sua grande aposta: Toprak Razgatlioglu.
Com a pausa de verão a decorrer, o mercado de pilotos continua volátil — e, para Miller e Oliveira, as próximas semanas poderão definir o rumo das suas carreiras. Seja na Pramac, no Mundial de Superbike ou num papel de bastidores, os próximos capítulos prometem ser decisivos.
