Miguel Oliveira fala sobre lesão invulgar e ausência constante do MotoGP
Visão geral das lesões
O piloto da Pramac Yamaha, Miguel Oliveira, foi forçado a ficar de fora de uma parte significativa da temporada de MotoGP de 2025 devido a uma lesão invulgar e complexa no ombro. A lesão ocorreu durante a corrida de velocidade no Grande Prémio da Argentina, onde Oliveira esteve envolvido num acidente provocado pelo piloto estreante Fermin Aldeguer.
Embora as avaliações iniciais sugerissem que Oliveira tinha escapado com ferimentos ligeiros — possivelmente uma clavícula partida — a realidade era mais grave. Sofreu uma luxação da articulação esternoclavicular juntamente com uma rotura completa dos ligamentos, uma lesão raramente observada no desporto automóvel.
Diagnóstico incorreto e descoberta
Logo após o acidente, Oliveira foi levado para um hospital local. Os exames iniciais, incluindo raios X e tomografias computorizadas, não revelaram nada de conclusivo. No entanto, continuou a sentir dores significativas e suspeitou que algo mais profundo estava errado. Numa reviravolta surpreendente, um enfermeiro que tentava remover o seu fato de corrida reposicionou acidentalmente a articulação, causando uma “fenda” percetível. Embora este momento tenha preocupado Oliveira, mais tarde tornou-se claro que ela tinha inadvertidamente realinhado a articulação deslocada.
Uma ressonância magnética mais detalhada feita em casa confirmou a verdadeira extensão dos danos: uma luxação na junção do esterno e da clavícula, combinada com uma rutura completa dos tendões circundantes. Este diagnóstico explicava a dor intensa e a incerteza que Oliveira sentiu nas horas seguintes ao incidente.
Processo de Recuperação
Em declarações à imprensa no Grande Prémio do Qatar, onde apareceu com uma tipoia, Oliveira partilhou que a sua recuperação está a progredir com dores mínimas, mas continua a ser um processo lento. As primeiras três semanas exigiram imobilização completa do braço. Atualmente, está a lidar com sintomas associados ao ombro congelado, e não com a lesão em si.
Admitiu ter tido dificuldades com a ideia de um prazo de recuperação de dois meses quando ouviu falar dela pela primeira vez, mas agora reconhece que a recuperação dos tendões não pode ser apressada. Oliveira continua cauteloso, insistindo que não regressará às corridas até estar fisicamente pronto. Em breve fará outra ressonância magnética, o que ajudará a determinar se pode começar a praticar atividades físicas mais intensas e a treinar no ginásio.
O seu possível regresso no Grande Prémio de Espanha, em Jerez, permanece incerto. Embora esteja esperançoso, sabe que recuperar totalmente o movimento e a estabilidade no ombro é essencial antes de voltar a pedalar.
A Sorte
Oliveira respondeu com uma gargalhada quando The Race sugeriu, em tom de brincadeira, que poderia estar a atrair má sorte para si próprio ao pontapear gatos pretos ou incitar outras superstições.
“Este é o terceiro ano consecutivo em que acabo por me lesionar depois de bater com outros pilotos”, admitiu.
“Não sei porquê, mas parece que atraio este tipo de situações.”
Padrão de infortúnio
Esta lesão recente dá continuidade a uma tendência frustrante para Oliveira, que já falhou 12 partidas de Grandes Prémios desde o início de 2023. Uma série de acidentes — a maioria envolvendo contacto com outros pilotos — têm interrompido repetidamente as suas temporadas:
- Portugal 2023: Colisão com Marc Márquez; sofreu uma lesão ligamentar na perna direita (perdeu 1 corrida)
- Jerez 2023: Enrosco com Fabio Quartararo; ombro esquerdo deslocado (falhou 1 corrida)
- Qatar 2023: Acidente com Aleix Espargaró; fratura da omoplata direita (perdeu 2 corridas)
- Indonésia 2024: acidente a solo devido a avaria da bicicleta; sofreu uma fratura exposta no pulso direito (falhou 5 corridas)
- Argentina 2025: Acidente com Fermin Aldeguer; luxação da articulação do ombro esquerdo (3 corridas falhadas até ao momento)
Lembrou ainda uma lesão grave no ombro direito causada por um acidente em 2019 com Johann Zarco. Com uma pitada de humor, Oliveira brincou com a necessidade de “luzes de travagem” para evitar mais colisões.
Apesar do contratempo, Oliveira enfatizou que nunca tinha batido a Yamaha M1 antes deste incidente, o que aumenta a sua desilusão. Ainda assim, está a optar por manter-se otimista e concentrar-se no futuro em vez de se preocupar com a má sorte repetida.