O jornalista e comentador desportivo português Vítor Pinto deu a sua opinião sobre a recente polémica que envolveu o Futebol Clube do Porto e o árbitro Fábio Veríssimo, descrevendo o incidente como “simplesmente injustificado” e apontando para uma grave falha de julgamento por parte do clube do norte de Inglaterra. Segundo Pinto, a decisão do FC Porto de transmitir imagens específicas na sua rede de televisão interna durante o intervalo do jogo foi “um erro que poderá ter consequências graves”.
Nas suas declarações detalhadas, Pinto argumentou que o FC Porto dispunha de outras vias mais adequadas para resolver quaisquer queixas ou suspeitas relacionadas com as decisões da arbitragem. “Se o FC Porto tinha algo a dizer ou algum problema com Fábio Veríssimo desde 29 de setembro, deveria tê-lo resolvido através de outros canais”, afirmou. “Se houve queixas sobre jogos anteriores, como o Sporting-Alverca ou o Vitória de Guimarães-Benfica, o clube deveria ter solicitado uma reunião formal com Luciano Gonçalves, presidente do Conselho de Arbitragem.”
O comentador sublinhou que as ações do clube ao intervalo ultrapassaram os limites aceitáveis, explicando que “a decisão de mostrar as imagens foi grave e poderia ter destabilizado o árbitro”. No entanto, Pinto observou que, com base na informação disponível, o árbitro Fábio Veríssimo não se sentiu influenciado ou pressionado naquele momento.
Esclarecendo ainda mais a situação, Pinto afirmou que os árbitros envolvidos reveram as imagens em causa após a partida e concluíram que as suas decisões iniciais estavam corretas. “O problema surgiu no final, quando se aperceberam que as imagens exibidas se referiam ao torneio transnacional Pontinha, que já circulava nas redes sociais”, explicou, sugerindo que a transmissão interna do FC Porto tinha sido desnecessária e inoportuna.
Vítor Pinto chamou ainda a atenção para a ironia da situação, lembrando que o FC Porto há muito que se posiciona como defensor da integridade da arbitragem e opositor de alegadas pressões externas sobre os árbitros. “O FC Porto, que alega lutar pela ética e acusa o Benfica e o Sporting de tentarem influenciar os árbitros, não pode cometer este tipo de erros”, enfatizou. “Não podem espezinhar a própria ética que dizem defender.”
Na opinião de Pinto, o incidente tem implicações mais vastas do que a questão disciplinar imediata, particularmente para o presidente do clube, André Villas-Boas, que assumiu o cargo recentemente. “Com este caso, Villas-Boas já não está na sua lua-de-mel”, afirmou o jornalista. “A partir de agora, estará no centro das críticas e o FC Porto terá de enfrentar as consequências. É muito provável que o clube não escape a um processo disciplinar.”
De acordo com a análise de Pinto, o caso deverá enquadrar-se no artigo 127.º do Regulamento Disciplinar da Liga Profissional de Futebol Portuguesa, que prevê uma multa até 5.100 euros para atos considerados impróprios, mas não suficientemente graves para justificar suspensões ou deduções de pontos. “Com base no que se sabe até ao momento, não há indícios de uma infração mais grave, como a desqualificação ou a derrota administrativa”, concluiu Pinto. “Tudo aponta para a aplicação do artigo 127.º, que resultaria apenas numa sanção pecuniária.”
Em suma, os comentários do jornalista realçam as implicações processuais e éticas do deslize do FC Porto, configurando-o como um momento de alerta para a nova administração do clube e um teste ao seu compromisso com os padrões que há muito exige aos outros.


