Vítor Pereira Reflete Sobre a Nova Direção do FC Porto sob o Comando de André Villas-Boas e Elogia as Ambições para a Próxima Temporada
Num momento em que o FC Porto atravessa um período significativo de transformação, tanto dentro como fora das quatro linhas, um dos antigos treinadores campeões do clube decidiu partilhar a sua visão sobre o momento atual dos dragões. Vítor Pereira, que conduziu o FC Porto à conquista de dois títulos consecutivos da Primeira Liga em 2012 e 2013, falou recentemente ao jornal O Jogo, analisando o investimento robusto feito neste verão, a liderança do atual presidente André Villas-Boas e a escolha de Francesco Farioli como novo treinador principal.
Após uma dececionante temporada 2024/25, na qual o clube terminou num distante terceiro lugar na Liga Portuguesa, Pereira — atualmente treinador do Wolverhampton Wanderers, da Premier League — acredita que os passos que estão a ser dados apontam para um FC Porto mais competitivo e ambicioso, com reais possibilidades de regressar ao topo do futebol nacional.
Investimento Ambicioso Marca Nova Era no Dragão
Desde que assumiu a presidência do clube após o falecimento de Pinto da Costa — uma figura lendária que liderou o FC Porto durante décadas de glória —, André Villas-Boas tem procurado implementar uma nova era arrojada. Apesar das dificuldades iniciais no seu primeiro ano à frente do clube, o dirigente tem dado sinais claros de ambição através de contratações de grande impacto que visam restabelecer o domínio portista nas competições nacionais e europeias.
Este verão tem sido marcado por um investimento significativo no mercado de transferências, com mais de 75 milhões de euros já aplicados no reforço do plantel. Vários nomes de peso foram contratados para diferentes posições no campo. O médio internacional dinamarquês Victor Froholdt chegou por 20 milhões de euros, trazendo solidez e versatilidade ao meio-campo. O criativo argentino Alberto Costa foi adquirido por 15 milhões, enquanto os jovens talentos espanhóis Gabri Veiga e Borja Sainz custaram 15 e 13 milhões de euros, respetivamente. Estas movimentações representam uma clara declaração de intenções, sobretudo tendo em conta os constrangimentos financeiros que afetaram o clube recentemente.
Com mais reforços previstos até ao fecho do mercado, tudo indica que Villas-Boas e a sua direção estão empenhados em fornecer todas as ferramentas necessárias para uma reconstrução sólida. O clube parece estar a transitar de um período de incerteza para uma nova fase de ambição calculada, com o objetivo último de voltar a ocupar o lugar cimeiro do futebol português.
Presidência em Construção: Liderança de Villas-Boas Ainda em Avaliação
Embora a atenção se concentre frequentemente nos reforços, Vítor Pereira fez questão de abordar a liderança exercida por André Villas-Boas — um ex-treinador que agora ocupa o cargo de presidente. Segundo Pereira, Villas-Boas ainda está a adaptar-se às exigências da nova função, mas possui a inteligência e as qualidades necessárias para, com tempo, ser bem-sucedido.
“André é alguém que conheço bem,” afirmou Pereira ao O Jogo. “É uma pessoa inteligente, bem preparada, mas como qualquer um que assume uma função nova, precisa de tempo para se adaptar. Tornar-se um bom presidente não acontece do dia para a noite — tal como um treinador demora a atingir o topo, o mesmo se aplica aqui. É um processo de evolução, e ele vai aprender e amadurecer com o tempo.”
A transição, no entanto, não tem sido isenta de dificuldades. A primeira época completa de Villas-Boas foi marcada por instabilidade e falta de resultados. O FC Porto terminou a 11 pontos do campeão Sporting CP e não conseguiu encontrar consistência sob o comando de Martín Anselmi, o segundo treinador contratado nesta nova era. Anselmi acabaria por ser demitido pouco depois de uma fraca participação no Mundial de Clubes da FIFA, tendo permanecido no cargo apenas cinco meses.
Apesar destes contratempos iniciais, Pereira acredita que Villas-Boas poderá afirmar-se como líder, especialmente se continuar a rodear-se de profissionais competentes e a manter uma visão clara para o futuro do clube.
Fator Farioli: Uma Nova Visão para o Banco
Uma das alterações mais relevantes promovidas por Villas-Boas neste verão foi a nomeação de Francesco Farioli como novo treinador principal. O jovem técnico italiano tem sido elogiado pelo seu estilo de jogo progressivo e assente na posse de bola, demonstrado durante as suas passagens pela Superliga Turca.
Pereira, que também treinou na Turquia ao serviço do Fenerbahçe, conhece bem o trabalho de Farioli e nutre grande admiração pelo seu percurso. Para o ex-treinador portista, a chegada do italiano poderá representar um ponto de viragem em termos de identidade tática e estilo de jogo do FC Porto.
“Quando eu estava no Fenerbahçe, o Farioli treinava o Alanyaspor,” recordou Pereira. “Defrontámo-nos e fiquei impressionado com o seu trabalho. Tem uma filosofia clara, que privilegia a estrutura, a criatividade e os conceitos modernos de futebol. É um treinador com boas ideias e princípios sólidos.”
A expectativa interna é que Farioli traga um novo dinamismo que permita ao FC Porto praticar um futebol mais atrativo e eficaz. Após várias épocas marcadas por táticas conservadoras e falta de consistência, existe um entusiasmo renovado em torno do que o italiano poderá implementar.
Força Financeira Reforçada Alavanca Otimismo Renovado
A situação financeira do clube tem sido um tema recorrente nos últimos tempos. Na temporada passada, circularam vários relatos que destacavam limitações orçamentais e preocupações quanto à gestão financeira, fatores que muitos consideram ter afetado negativamente o desempenho da equipa. Contudo, Vítor Pereira acredita que esses problemas estão a ser resolvidos — ou, pelo menos, que o clube já está em condições de voltar a investir de forma sustentada.
“Houve muita conversa no ano passado sobre dificuldades financeiras no clube,” reconheceu Pereira. “Mas agora vejo um investimento significativo, e isso é muito encorajador. Um clube como o FC Porto precisa de se reforçar continuamente se quiser competir ao mais alto nível.”
A recente onda de contratações indica que o objetivo não é apenas recuperar da campanha desapontante, mas construir uma equipa capaz de competir diretamente com Sporting e Benfica, que têm sido mais consistentes nos últimos anos. As mudanças em curso mostram um clube que está a modernizar-se e a tentar recuperar o protagonismo nacional e europeu.
Olhar para o Futuro: Otimismo Prudente no Dragão
Embora ainda haja muito por provar dentro das quatro linhas, os comentários de Vítor Pereira refletem um otimismo cauteloso quanto à trajetória do FC Porto. A combinação de uma nova liderança, investimento robusto, renovação do plantel e um treinador com ideias modernas poderá constituir a base para uma temporada muito mais positiva.
Para Pereira, o sucesso do Porto depende não só das contratações e da inovação tática, mas também de uma visão estratégica de longo prazo e da maturidade estrutural do clube. Sublinhou que as transições — sejam na presidência ou no comando técnico — exigem tempo, e que o FC Porto precisa de paciência e persistência nesta nova era.
“Acho que estamos a assistir ao nascimento de um novo FC Porto, que está a construir-se para voltar a ser competitivo,” disse Pereira. “Não se trata apenas de ganhar agora; trata-se de criar as bases para um sucesso sustentado. E quando o FC Porto está focado, bem organizado e com uma liderança forte, torna-se uma equipa muito perigosa.”
Com a nova época a aproximar-se, todas as atenções estarão voltadas para ver se Villas-Boas, Farioli e os novos reforços conseguirão transformar promessas em resultados. O caminho de regresso ao topo será exigente, mas pela primeira vez em algum tempo, sente-se novamente um espírito de crença em redor do Estádio do Dragão.