Miguel Oliveira deixa o MotoGP rumo ao WorldSBK: Estrela portuguesa assina com a BMW para 2026
O panorama do desporto motorizado prepara-se para uma mudança significativa em 2026. Após sete temporadas a competir no auge das corridas de motociclismo, Miguel Oliveira irá despedir-se oficialmente do MotoGP para abraçar um novo desafio no Campeonato do Mundo de Superbike (WorldSBK). O piloto português assinou um contrato de fábrica com a equipa ROKiT BMW Motorrad WorldSBK, onde terá como companheiro de equipa o veterano italiano Danilo Petrucci, ambos aos comandos da competitiva BMW M 1000 RR.
A mudança representa não apenas um novo capítulo pessoal para Oliveira, mas também uma clara declaração de intenções da BMW, que continua a reforçar a sua ambição de desafiar Ducati, Yamaha e Kawasaki na luta pela frente do pelotão do WorldSBK.
A jornada de Oliveira: de Almada ao auge do motociclismo
Nascido em Almada, Portugal, Oliveira tem sido uma presença constante no motociclismo internacional desde a adolescência. Estreou-se no paddock do Grande Prémio em 2011 e rapidamente se afirmou como um dos talentos mais promissores da sua geração.
Ao longo da sua carreira, construiu um currículo impressionante que evidencia consistência e adaptabilidade:
Vice-campeão do Mundo de Moto3 (2015): Por muito pouco não conquistou o título, demonstrando destreza e resiliência. Vice-campeão do Mundo de Moto2 (2018): Confirmou a sua competitividade na categoria intermédia, abrindo caminho para a subida ao MotoGP. Vitórias em MotoGP (2019–2025): Conquistou cinco triunfos na categoria rainha, todos com inteligência tática e frieza sob pressão. Totais em Grandes Prémios: 41 pódios e 17 vitórias em todas as classes.
Estes feitos valeram-lhe a alcunha de “Falcão de Almada”, refletindo a sua tenacidade, precisão e determinação em pista.
Apesar dos feitos históricos alcançados no MotoGP — incluindo vitórias memoráveis como a do Grande Prémio inaugural da Indonésia — Oliveira vira agora a página para enfrentar um novo desafio no WorldSBK.
Um novo capítulo no WorldSBK
Aos 29 anos, Oliveira encontra-se num ponto de viragem da carreira. Depois de provar o seu valor em todas as categorias do Mundial de Velocidade, o português decidiu alinhar o seu futuro com a BMW no Campeonato do Mundo de Superbike.
Sobre esta decisão, Oliveira mostrou orgulho pelo legado deixado no MotoGP e entusiasmo pelo caminho que tem pela frente:
“Juntar-me à família BMW no WorldSBK é um passo emocionante na minha carreira. Este projeto é ambicioso, competitivo e relevante não apenas no campeonato, mas também na indústria motociclística. Trabalhar com parceiros fortes e integrar uma equipa motivada dá-me enorme inspiração. Estou pronto para dar o meu melhor e mal posso esperar para começar este novo capítulo.”
A mudança trará desafios, já que terá de se adaptar às exigências específicas das Superbikes derivadas de modelos de produção, em contraste com as máquinas protótipo do MotoGP. Contudo, a sua versatilidade e capacidade comprovada de aprendizagem rápida sugerem que estará bem preparado para a transição.
A ambição da BMW: construir uma fórmula vencedora
A chegada de Oliveira é também um reflexo da determinação crescente da BMW em afirmar-se como candidata ao título no WorldSBK. A marca alemã tem investido de forma consistente no seu projeto, reforçando a base técnica, a formação de pilotos e a estrutura de apoio.
Sven Blusch, Diretor da BMW Motorrad Motorsport, considerou a contratação de Oliveira um grande trunfo:
“Estamos muito satisfeitos por dar as boas-vindas a Miguel Oliveira como novo piloto de fábrica. Ao longo da sua carreira, demonstrou de forma consistente que é um dos mais talentosos e versáteis da sua geração. Com vitórias em todas as classes do Mundial, incluindo cinco no MotoGP, traz consigo experiência e profissionalismo. Ao lado de Danilo Petrucci, formará uma dupla forte e competitiva. Juntos, ajudar-nos-ão a dar os próximos passos no nosso desenvolvimento e a reforçar as nossas ambições no WorldSBK.”
Blusch sublinhou que, embora a estratégia de longo prazo da BMW passe por construir uma estrutura vencedora de forma sustentável, o objetivo imediato permanece lutar pelo título já em 2025 com Toprak Razgatlioglu. O piloto turco já alcançou vitórias históricas com a marca bávara, provando o potencial da BMW contra a dominante Ducati.
A chegada de Oliveira em 2026 é, assim, parte de um plano mais amplo para manter a BMW entre os protagonistas do campeonato nas próximas temporadas.
Petrucci e Oliveira: uma dupla formidável
A parceria entre Miguel Oliveira e Danilo Petrucci acrescenta uma nova dimensão ao projeto da BMW. Cada um aporta qualidades distintas:
Oliveira traz consigo inteligência tática, juventude e a fome de se afirmar num novo ambiente. Petrucci, experiente no MotoGP e no WorldSBK, oferece conhecimento, adaptabilidade e espírito de equipa.
Juntos, prometem entregar resultados em pista e contributos valiosos para o desenvolvimento da moto. Para a BMW, esta combinação pode ser a chave para reduzir a diferença face a Ducati, Kawasaki e Yamaha, dominantes na última década.
O legado de Oliveira no MotoGP
Apesar de estar de olhos postos no futuro, o percurso de Oliveira no MotoGP mantém um peso enorme. Desde a estreia na categoria em 2019, protagonizou alguns dos momentos mais memoráveis dos últimos anos.
Entre os seus maiores feitos destacam-se:
Primeira vitória no MotoGP no GP da Estíria em 2020, graças a uma manobra decisiva na última curva. Triunfo histórico em Portimão, também em 2020, tornando-se o primeiro português a vencer na categoria rainha em solo nacional. Vitória em Mandalika em 2022, onde se sagrou o primeiro vencedor do GP da Indonésia, em condições de chuva extrema.
Estes feitos consolidaram o seu lugar na história do desporto português e elevaram o seu estatuto como um dos pilotos mais inteligentes e oportunistas do MotoGP.
Uma temporada de despedida com a Prima Pramac Yamaha
Antes de virar definitivamente a página para o WorldSBK, Oliveira tem ainda uma temporada por disputar no MotoGP. Em 2025, defenderá as cores da Prima Pramac Yamaha, onde espera somar novos pontos altos antes de se despedir.
O próximo palco será Mandalika, Indonésia — circuito que lhe traz memórias especiais, pelo triunfo de 2022.
No seu calendário de despedida:
Sexta-feira: sessões de treinos livres para afinar a moto. Sábado: corrida Sprint de 13 voltas. Domingo: corrida principal de 27 voltas, onde Oliveira tentará repetir a magia de 2022.
Mais do que encerrar a sua caminhada no MotoGP em grande estilo, esta temporada servirá também como preparação para a adaptação ao novo ambiente do WorldSBK.
O que significa para o WorldSBK
A mudança de Oliveira reforça a crescente atratividade do WorldSBK, capaz de captar talentos do nível do MotoGP. Nos últimos anos, a chegada de nomes sonantes tem aumentado o prestígio da competição, tornando-a mais competitiva e mediática.
Para a BMW, a assinatura sublinha a seriedade do seu projeto. Com Razgatlioglu já a provar o potencial da moto, a adição de Oliveira e a continuidade de Petrucci fortalecem as perspetivas a curto e longo prazo.
Para os adeptos, cria-se uma nova narrativa: acompanhar a adaptação de Oliveira, um vencedor no MotoGP, às exigências muito diferentes das Superbikes. A transição raramente é simples, mas a história mostra que pilotos talentosos conseguem fazê-la com sucesso.
Olhando para o futuro
Enquanto se prepara para a despedida do MotoGP, Oliveira divide a sua atenção entre a temporada final e os desafios que o aguardam no WorldSBK.
Este passo é um marco pessoal e um momento simbólico para o motociclismo português. Pioneiro e referência no seu país, Oliveira inspira novas gerações e continuará a quebrar barreiras, agora no palco das Superbikes.
Com o “Falcão” a juntar-se ao projeto de fábrica da BMW, as expectativas são elevadas. Adeptos e especialistas esperam que a sua adaptabilidade, inteligência em corrida e determinação ajudem a aproximar a marca do tão desejado título mundial.
Conclusão
A transição de Miguel Oliveira do MotoGP para o WorldSBK é mais do que uma simples mudança de campeonato. Reflete a ambição da BMW em construir uma equipa vencedora, o crescimento contínuo do WorldSBK como competição global e a vontade incessante de um piloto que recusa viver do passado.
Aos 29 anos, Oliveira inicia uma nova aventura, deixando atrás de si um legado de vitórias inesquecíveis e de feitos pioneiros para Portugal no MotoGP. Em 2026, ao lado de Danilo Petrucci, escreverá o próximo capítulo da sua carreira, que promete ser tão apaixonante como o caminho que o trouxe até aqui.
Por agora, todas as atenções viram-se para Mandalika, onde Oliveira regressa ao palco de uma das suas maiores conquistas — um cenário perfeito para um piloto que se prepara para voltar a voar, desta vez com as cores da BMW no WorldSBK.