Yamaha Perto de Finalizar Formação da Equipa Pramac para 2026 enquanto Miller e Oliveira Aguardam Decisão
A Yamaha está prestes a tomar uma decisão crucial sobre a última vaga disponível na sua formação para a temporada de MotoGP de 2026. Com Toprak Razgatlioglu já confirmado com um contrato de dois anos para a equipa satélite Pramac, todas as atenções agora se voltam para quem será o seu companheiro de equipa na segunda YZR-M1. Jack Miller e Miguel Oliveira são atualmente os principais candidatos ao lugar, embora existam indícios de que a Yamaha esteja também a explorar outras alternativas.
A decisão deverá ser tomada nos próximos dias, com a equipa ansiosa por definir a sua formação antes do Grande Prémio da Chéquia, em Brno, agendado para 20 de julho. Segundo informações do portal Paddock-GP, a Yamaha irá realizar reuniões internas em breve para decidir quem será o parceiro de Razgatlioglu na campanha de 2026. Embora o desempenho em pista continue a ser um critério fundamental, outros fatores — como o apelo comercial, lesões e a visão de longo prazo — deverão influenciar significativamente o desfecho.
Miller e Oliveira: Um Duelo Decisivo
Jack Miller e Miguel Oliveira ingressaram na Pramac Yamaha para a temporada de 2025, mas com condições contratuais distintas. Miller assinou um contrato de um ano com apoio direto da fábrica, enquanto Oliveira firmou um vínculo de dois anos com uma cláusula de desempenho que poderá agora ser acionada.
Esta cláusula permite à Yamaha rescindir antecipadamente o contrato de Oliveira caso ele termine a primeira metade da temporada como o piloto com menos pontos entre os representantes da marca. Atualmente, o piloto português encontra-se no fundo da tabela interna da Yamaha, com apenas 6 pontos, muito atrás de Alex Rins (35 pontos) e Jack Miller (33 pontos). Com apenas duas corridas restantes antes da pausa de verão — o GP da Alemanha em Sachsenring e o GP da Chéquia em Brno — Oliveira enfrenta uma missão extremamente difícil para recuperar terreno e garantir a continuidade no projeto.
A situação de Oliveira é ainda mais delicada devido à sua dificuldade em encontrar consistência e adaptação à M1. Contudo, os resultados abaixo das expectativas não se devem exclusivamente ao rendimento em pista, já que lesões também marcaram negativamente a sua temporada de 2025.
Lesões Podem Servir de Atenuante para Oliveira
Aos 30 anos, Miguel Oliveira sofreu uma lesão grave no início da temporada, durante o Grande Prémio da Argentina, onde deslocou o ligamento esternoclavicular do ombro esquerdo após um incidente com Fermin Aldeguer, da Gresini Racing. A lesão obrigou-o a falhar quatro corridas consecutivas — Argentina, Américas, Qatar e Jerez — comprometendo significativamente a sua adaptação à nova moto e a obtenção de pontos no campeonato.
Desde o seu regresso, Oliveira tem-se concentrado em recuperar a forma física e em compreender as nuances da M1, embora os resultados ainda não reflitam um avanço claro. O seu melhor resultado desde o retorno foi um 13.º lugar em Mugello, após uma estreia discreta pela Yamaha com um 14.º lugar na Tailândia.
Apesar dos números modestos, a situação de Oliveira poderá não ser tão desesperante quanto parece. Fontes internas revelam que os decisores da Yamaha estão a considerar as lesões como um fator atenuante, com algumas vozes a sugerirem que as limitações físicas enfrentadas pelo português podem funcionar como um “álibi” válido para justificar o seu baixo rendimento até aqui.
Miller Ainda É o Favorito para 2026
Enquanto Oliveira luta para salvar o seu contrato, Jack Miller continua a ser visto como o candidato mais forte, aos olhos da Yamaha, para fazer dupla com Razgatlioglu na Pramac em 2026. Apesar de ter apresentado recentemente alguma oscilação na sua forma, Miller oferece várias vantagens intangíveis que o tornam uma escolha atrativa para a equipa.
A mais relevante destas vantagens é o facto de ser o único piloto nativo de língua inglesa atualmente no pelotão da MotoGP — um trunfo comercial importante para a Yamaha e para os novos proprietários da categoria, a Liberty Media, que procuram expandir o apelo do campeonato em mercados anglófonos como a Austrália e a Nova Zelândia. A nacionalidade de Miller, aliada à sua fluência mediática, representa uma oportunidade valiosa em termos de marketing.
Em termos de performance, o australiano começou a temporada de 2025 com bom ritmo, destacando-se com um quinto lugar no Grande Prémio das Américas. Contudo, nas últimas sete provas, registou apenas um resultado dentro do top-10 — um sétimo lugar em Silverstone. Esta inconsistência abre espaço para uma possível recuperação de Oliveira, mas o tempo está a esgotar-se.
Visão de Longo Prazo e a Emergência de Diogo Moreira
Outro elemento que complica ainda mais a equação é a visão estratégica da Yamaha para as próximas temporadas. Nos últimos tempos, o jovem talento da Moto2, Diogo Moreira, começou a ser apontado como possível candidato a uma vaga na MotoGP. O piloto brasileiro é altamente considerado nos bastidores do paddock, e a Yamaha tem acompanhado de perto a sua evolução, com a intenção de promovê-lo à categoria rainha já em 2027.
Tendo isso em mente, a Yamaha pode estar a considerar uma solução de curto prazo para 2026. Um dos cenários discutidos passa por oferecer a Miller uma renovação de apenas um ano, garantindo estabilidade imediata e permitindo mais tempo de maturação para Moreira na Moto2. Nesse cenário, Oliveira seria o principal prejudicado, especialmente se não conseguir cumprir os critérios de performance estipulados contratualmente até ao GP de Brno.
Brno Será o Momento Decisivo
Com apenas alguns dias até que a Yamaha anuncie a sua decisão final, tanto Miller como Oliveira enfrentam enorme pressão para provarem o seu valor. As próximas duas corridas — na Alemanha e na Chéquia — serão absolutamente cruciais para Oliveira, que precisa de uma reviravolta significativa na pontuação e de uma demonstração clara de que as lesões, e não a falta de velocidade ou adaptação, foram o verdadeiro entrave à sua performance.
Miller, apesar de liderar a corrida pelo lugar, não pode dar-se ao luxo de relaxar. A recente série de resultados abaixo do esperado enfraqueceu a sua posição e abriu margem para que Oliveira, ou até outro piloto, possam ser considerados.
A decisão final da Yamaha não só determinará o futuro da equipa como também poderá desencadear mudanças importantes na grelha da MotoGP, provocando potenciais reajustes nas formações das equipas satélites e afetando diretamente outros pilotos e equipas.
Conclusão
Com a Yamaha prestes a definir quem será o companheiro de Toprak Razgatlioglu na Pramac em 2026, a tensão é máxima para Jack Miller e Miguel Oliveira. O australiano surge como favorito, graças ao seu valor mediático e a um início de temporada positivo, apesar da sua recente queda de rendimento. Já o português depende da compreensão da Yamaha relativamente ao impacto das suas lesões, que afetaram fortemente a sua campanha.
Apesar de Miller parecer ter vantagem neste momento, tudo pode mudar nos próximos dias. Se Oliveira conseguir reagir nas duas últimas corridas ou se a Yamaha decidir apostar desde já no futuro com nomes como Diogo Moreira, o panorama poderá transformar-se radicalmente. Uma coisa é certa: quando o circo da MotoGP chegar a Brno, a Yamaha já terá feito a sua escolha — e a grelha de 2026 estará um passo mais próxima de ser fechada.