Miguel Oliveira fala sobre a sua lesão, percurso de recuperação e preocupações com a segurança
O piloto da Pramac MotoGP, Miguel Oliveira, partilhou recentemente detalhes sobre a lesão que o manteve fora das pistas e as suas esperanças de um regresso rápido. Após um acidente na Argentina, Oliveira sofreu uma luxação da articulação esternoclavicular, uma lesão invulgar e complicada que o afastou dos relvados durante mais tempo do que o esperado.
Inicialmente, Oliveira acreditou que tinha sofrido uma fratura padrão na clavícula. “Pensei que seria uma fratura simples, algo que cicatrizaria em três semanas”, disse. Contudo, o verdadeiro problema era mais complexo. Os primeiros raios X não mostraram nada de anormal, o que aumentou a confusão. Só quando os médicos o ajudaram com o seu fato de corrida é que sentiu um “estalo” repentino no ombro — um movimento não intencional, mas feliz, que reposicionou parcialmente a articulação deslocada. Só após consultar o seu médico Oliveira descobriu que tinha deslocado quase completamente a articulação esternoclavicular. Foi-lhe dito para imobilizar o braço imediatamente, tendo o diagnóstico sido posteriormente confirmado.
Agora, quatro semanas após a recuperação, Oliveira relata um progresso encorajador. “Nas primeiras três semanas não me conseguia mexer, mas agora estou a começar a recuperar um pouco da mobilidade”, explicou. “A dor já não é má e estou a ver melhora.” Apesar de usar uma tipoia e continuar com fisioterapia, continua cauteloso. As lesões nos tendões, observou, exigem paciência: apressar o processo de cicatrização pode causar mais danos.
Oliveira vai fazer uma ressonância magnética na segunda-feira para verificar como os tendões estão a recuperar e se a mobilidade do ombro melhorou. O seu objetivo é regressar a tempo para o Grande Prémio de Jerez, mas ainda nada é certo. “Saberei mais alguns dias antes de Jerez”, disse. “Se pudesse, voltaria a pedalar amanhã, mas, sendo realista, isso não é possível agora.”
Esta lesão marca o terceiro ano consecutivo em que Oliveira está afastado dos relvados por causa de um acidente que envolveu outro piloto, um padrão que, compreensivelmente, o deixou frustrado. “Nunca tive acidentes como este antes, e agora parece que os atraio”, admitiu. “Mas não posso deixar que isso me desanime. Preciso de me manter focado em seguir em frente.”
Um aspeto do acidente que lhe ficou na mente é o papel do sistema de airbag incorporado no seu fato de corrida. Embora acredite que o airbag tenha provavelmente evitado uma fratura na clavícula, não tem a certeza se o seu disparo pode ter contribuído para a deslocação. “É algo em que tenho pensado muito”, disse Oliveira. O airbag pode estar a ajudar em algumas áreas, mas a causar problemas noutras. Talvez a quantidade de ar, ou a forma como enche, precise de ser reconsiderada.
Salientou que, embora a tecnologia não seja desnecessária, há definitivamente espaço para melhorias. O corpo de cada ciclista é diferente, e nem todos gostam que os seus fatos-macaco se ajustem da mesma forma. Falei com a Dainese sobre isso — vão analisar os dados — mas, em última análise, cabe à FIM avaliar as regras e considerar atualizações.
Embora ainda incerto quanto ao seu regresso, Oliveira continua otimista e focado na sua recuperação. Por enquanto, está a levar as coisas uma semana de cada vez, esperando que a próxima ronda em Jerez possa marcar o seu regresso.