Miguel Oliveira de Olho na Oportunidade com o Retorno da MotoGP a Brno Após Cinco Anos e com Pista Totalmente Reasfaltada
A MotoGP faz neste fim de semana o tão aguardado retorno ao Automotodrom Brno, marcando a volta do Grande Prêmio da República Tcheca após uma ausência de cinco anos. Ausente do calendário desde 2020, o circuito de Brno passou por uma importante reformulação para atender aos padrões modernos de segurança e performance — com destaque para o reasfaltamento completo da pista. A nova superfície já recebeu elogios de diversos pilotos, entre eles Miguel Oliveira, da Pramac Yamaha, que vê nas melhorias uma oportunidade concreta de obter um desempenho mais competitivo para ele e para a equipe da Yamaha.
O retorno do GP da República Tcheca acontece após anos de incerteza sobre o futuro do circuito de Brno. Em 2020, pilotos e equipes expressaram sérias preocupações com o estado do asfalto, que havia se deteriorado significativamente com o tempo. A falta de aderência era tão crítica que comprometia o desempenho dos pneus e a segurança dos pilotos, forçando a retirada do circuito do calendário. Agora, com o novo asfalto e o feedback inicial sendo positivo, Brno ganha uma nova chance dentro da principal categoria do motociclismo mundial.
Um dos poucos pilotos que tiveram a chance de testar no traçado renovado no início do verão europeu, Miguel Oliveira trouxe impressões valiosas sobre as mudanças. Ao lado de Luca Marini, o português participou de uma sessão privada de testes que serviu como um importante termômetro para o novo asfalto. Essa prévia deixou Oliveira otimista para o que está por vir neste fim de semana.
“O traçado continua familiar — me lembrou muito como era quando corremos aqui pela última vez em 2020”, disse Oliveira em entrevista ao programa Gear Up, do site MotoGP.com. “O que mais me chamou atenção foi como a pista pareceu larga, principalmente porque vínhamos de Assen na época do teste. Em comparação, era como pilotar numa autoestrada.”
A obra de reasfaltamento, realizada em coordenação com a Dorna Sports e a FIM, aumentou significativamente os níveis de aderência ao longo de todo o traçado. Essa é uma mudança crucial, considerando que a baixa aderência foi justamente uma das razões principais para a exclusão de Brno do campeonato. Oliveira foi direto ao reconhecer como essa nova superfície pode ser transformadora — não apenas para a segurança dos pilotos, mas também para o acerto das motos e as estratégias de corrida.
“Um dos principais motivos para termos parado de correr em Brno foi a falta de aderência. Mas agora, com o novo asfalto, acho que fizeram um trabalho fantástico,” afirmou. “O grip está muito bom, e isso pode realmente mudar a maneira como abordamos o fim de semana.”
Yamaha Espera Desempenho Sólido com Boa Aderência e Temperaturas Mais Amenas
O novo asfalto não é o único fator positivo para a Yamaha. Ao longo da temporada 2025 da MotoGP, a fabricante de Iwata demonstrou um desempenho mais competitivo em pistas com maior nível de aderência e temperaturas ambiente mais amenas. Essa tendência pode ser decisiva em Brno, onde as previsões indicam temperaturas na pista significativamente mais baixas do que aquelas registradas nos testes privados realizados no final de junho.
Na ocasião, os pilotos enfrentaram altas temperaturas no asfalto, o que dificultou o gerenciamento dos pneus, especialmente na manutenção do desempenho do pneu traseiro em longas voltas. Desta vez, Oliveira e sua equipe se preparam para temperaturas até 20°C mais baixas — uma mudança que pode favorecer as características da Yamaha M1 e ajudar a minimizar o superaquecimento dos pneus.
“Vamos começar o fim de semana com um nível de aderência já bom, então isso pode jogar a nosso favor — pelo menos, essa é a esperança,” disse Oliveira. “Neste ano, sempre que corremos em pistas com bom grip e clima mais frio, conseguimos gerir melhor o desgaste do pneu traseiro, o que normalmente se traduz em uma performance melhor.”
“Com temperaturas de pista cerca de 20 graus [Celsius] mais baixas do que no nosso teste de junho, isso deve ajudar ainda mais. É o tipo de condição que nos permite competir de forma mais eficaz.”
Apesar das condições promissoras, Oliveira adota um tom cauteloso. Embora as melhorias no circuito e o clima favorável sejam animadores, ele destacou o caráter imprevisível de voltar a um circuito que esteve fora do calendário por tanto tempo.
“De certa forma, é como se todos estivessem começando do zero,” afirmou. “Ninguém tem dados de corrida recentes aqui e, embora eu tenha feito algumas voltas no teste, estou tentando não criar muitas expectativas antes da corrida.”
Reconhecendo Brno: Testes Não Garantem Vantagem, Diz Oliveira
O retorno de Oliveira a Brno nos testes privados foi uma oportunidade valiosa para se readaptar ao traçado técnico e ondulado de 5,4 quilômetros. No entanto, o piloto português minimizou o impacto dessa “vantagem”, destacando que a tecnologia das motos da MotoGP evoluiu bastante desde 2020. Com os avanços em eletrônica, aerodinâmica e comportamento dos pneus, o simples fato de já ter rodado na pista não garante um desempenho superior.
“Levei entre cinco e dez voltas para voltar ao ritmo do circuito,” confessou Oliveira. “O traçado em si não mudou muito, mas as motos são completamente diferentes do que eram há cinco anos. A maneira como pilotamos hoje — eletrônica, configurações, dinâmica — tudo mudou.”
“Por isso, não acho que ter testado aqui me dá uma grande vantagem. Sim, estamos em uma boa fase em termos de acerto da moto, e posso ter um pouco mais de familiaridade, mas nada que vá fazer uma grande diferença no fim de semana.”
O piloto da Pramac Yamaha acrescentou que, a partir dos treinos de sexta-feira, todas as equipes e pilotos estarão na mesma situação: buscando encontrar o melhor acerto e a estratégia de pneus ideais em um circuito que, na prática, é novo para todos. Com poucas sessões disponíveis para ajustar tudo antes da corrida de domingo, preparação e capacidade de adaptação serão cruciais.
“No fim das contas, é um fim de semana de corrida como qualquer outro,” concluiu. “Entramos nos treinos de sexta prontos para forçar desde o início, aproveitar ao máximo os dados coletados e ver onde estamos.”
Um Fim de Semana Decisivo Para a Yamaha e Para o Futuro de Brno
Para a Yamaha, este fim de semana representa mais do que apenas um retorno a um circuito reformado — pode ser um ponto de virada na temporada 2025. A fabricante japonesa tem enfrentado um ano difícil, com dificuldades frequentes para obter performance consistente em condições de alta temperatura ou pouca aderência. Brno, com sua nova superfície e clima mais ameno, pode servir como palco para uma recuperação tão necessária.
Enquanto isso, para o circuito de Brno, o evento é um teste decisivo para seu futuro na MotoGP. O projeto de reasfaltamento foi um grande investimento com o objetivo de garantir o retorno da pista ao calendário do campeonato mundial. Feedback positivo dos pilotos, aliado a uma corrida segura e competitiva, pode consolidar sua presença nos próximos anos.
Quanto a Miguel Oliveira, ele encara o fim de semana com confiança cautelosa. A combinação entre novo asfalto, temperaturas mais baixas e um traçado desafiador, mas conhecido, pode alinhar-se perfeitamente com os pontos fortes do piloto e da Yamaha M1. Ainda assim, ele sabe que na MotoGP, otimismo só se traduz em resultado com precisão, trabalho duro e execução impecável.
Com todo o paddock basicamente começando do zero em uma superfície renovada, o Grande Prêmio da República Tcheca promete ser imprevisível e aberto — um cenário ideal para desempenhos surpreendentes e possíveis surpresas. E se as impressões de Oliveira sobre a pista se confirmarem, a equipe Pramac Yamaha pode muito bem emergir como um dos destaques do grande retorno de Brno à MotoGP.