Miguel Oliveira expressa frustração após abandono no GP da Holanda causado por incidente entre vários pilotos: “Apenas um típico acidente de semáforo”
Miguel Oliveira viu a sua participação no Grande Prémio dos Países Baixos chegar a um fim precoce e frustrante, após ser forçado a abandonar a corrida devido a uma sequência de eventos que o piloto português mais tarde classificou como um “típico acidente de semáforo.” O piloto da Trackhouse Racing mostrou um início promissor no TT Circuit Assen, realizando uma excelente largada e subindo rapidamente várias posições. No entanto, a sua corrida desmoronou ainda nos primeiros momentos da volta inaugural, após uma colisão em cadeia que envolveu Johann Zarco e Jack Miller — um incidente que acabou por ser decisivo e levou ao abandono de Oliveira.
Ao regressar ao paddock, o português não escondeu a sua desilusão. Começou por destacar o excelente arranque que teve, ganhando posições poucos segundos depois das luzes se apagarem.
“Arranquei bem, foi uma largada sólida,” disse Oliveira. “Já tinha ganho três posições e tudo estava a correr com fluidez. Estava confiante e sentia que podia continuar a progredir.”
Mas esse impulso inicial foi abruptamente interrompido pouco depois. Quando o pelotão ainda seguia compacto em direção à Curva 5, o piloto da Gresini Ducati, Johann Zarco, tentou uma manobra ousada pela linha interior, forçando passagem entre dois pilotos à sua frente. Essa manobra agressiva desestabilizou o grupo e criou um efeito dominó que se estendeu para trás.
“Na Curva 5, o Zarco meteu-se por dentro,” relatou Oliveira. “Conseguiu enfiar-se entre dois pilotos ao mesmo tempo. Foi uma manobra muito otimista, tendo em conta o quão apertado estava tudo naquela fase da corrida. O Jack [Miller] vinha logo atrás, e obviamente, ao ver o que estava a acontecer, teve de reagir rapidamente.”
A reação de Miller foi travar bruscamente para evitar envolver-se no incidente à sua frente. Essa travagem repentina teve consequências diretas para Oliveira, que seguia muito próximo e já tinha começado a acelerar à saída da curva.
“Quando o Jack travou, eu já estava a dar gás,” explicou Oliveira. “A margem era mínima, mas suficiente para provocar contacto. Acabei por tocar na roda traseira do Jack — foi por milímetros — mas bastou para deitar tudo por terra.”
Apesar de o contacto ter sido ligeiro em termos físicos, as consequências foram significativas. O impacto repentino desequilibrou Oliveira e quase o atirou da moto. Curiosamente, foi uma intervenção inesperada e infeliz do japonês Ai Ogura que evitou um acidente mais grave.
“Fui literalmente projetado para o outro lado da moto,” contou Oliveira. “Mas o Ai Ogura estava mesmo ali, e de alguma forma, naquele instante, quase que me ‘amparou’ ou travou a queda. Eu consegui ficar em pé, mas ele caiu. Foi pura sorte no meu caso, e muito azar para ele. Ele foi ao chão, e eu consegui continuar.”
Apesar de ter conseguido manter-se em pé e voltar à corrida, a moto de Oliveira não saiu ilesa do incidente. Os danos causados comprometeram seriamente o desempenho do equipamento. Embora tenha tentado seguir em frente, ficou claro rapidamente que a moto não estava em condições competitivas.
“A moto ficou mesmo danificada,” afirmou o português. “Inicialmente ainda pensei que podia forçar e tirar algo da corrida. Mas à medida que continuava, percebi que o desempenho não estava lá. Não havia maneira de lutar, e continuar seria inútil.”
O abandono representou um duro golpe para Oliveira, que chegou ao fim de semana em Assen com otimismo e expectativas de uma boa prestação. O ritmo inicial e a capacidade de ganhar terreno na largada mostraram que havia potencial. No entanto, em vez de lutar por pontos valiosos para o campeonato, viu-se fora da corrida após apenas algumas curvas.
“É mesmo frustrante, para ser sincero,” desabafou. “Tínhamos ritmo, o arranque foi excelente, e tudo indicava que ia ser uma boa corrida. Mas depois um único movimento muda tudo. Eu sei que isto faz parte das corridas, mas é difícil de aceitar quando fazemos tudo bem no início e acabamos sem nada.”
Quanto à responsabilidade pelo incidente, Oliveira não apontou diretamente culpados, mas deixou claro que a manobra de Zarco esteve na origem do desenrolar da situação.
“Foi uma reação em cadeia, e acho que tudo começou com uma manobra muito otimista,” refletiu. “Quando está tudo tão apertado logo nas primeiras curvas, um único ultrapassagem agressiva pode desencadear toda uma série de problemas atrás. Fui apanhado nisso, e infelizmente, paguei o preço.”
Sem qualquer ponto conquistado no GP da Holanda, Oliveira terá agora de se reerguer e concentrar-se nas próximas corridas do calendário de MotoGP. A corrida em Assen poderia ter sido um ponto de viragem na sua época, mas acabou por ser mais um capítulo difícil num ano que tem sido marcado por altos e baixos para o piloto natural de Almada.
“Agora é só resetar e focar no que vem a seguir,” concluiu. “Sabemos que temos ritmo para lutar, por isso vamos continuar a trabalhar. Espero que na próxima corrida consigamos ter um fim de semana limpo e evitar este tipo de confusões.”
A próxima ronda do campeonato representa uma nova oportunidade para Oliveira reencontrar o rumo certo, e o piloto português espera ter melhor sorte — e menos “acidentes de semáforo” — à medida que a temporada prossegue.