O piloto português Miguel Oliveira encontra-se num momento marcante da sua carreira. Após sete temporadas na categoria principal do motociclismo mundial, o piloto irá deixar o MotoGP para ingressar no Campeonato do Mundo de Superbike (WorldSBK) em 2026, tendo assinado contrato com a equipa ROKiT BMW Motorrad WorldSBK Team. O acordo foi anunciado entre o final de setembro e o início de outubro de 2025.
Nas suas próprias palavras:
“Juntar-me à família BMW no Campeonato do Mundo de Superbike é um passo entusiasmante na minha carreira, no qual vejo um enorme potencial. (…) Estar envolvido com uma nova equipa, trabalhar ao lado de parceiros fortes e abraçar um novo formato de campeonato dá-me grande motivação para dar o meu melhor.”
Esta mudança representa uma clara reorientação das suas prioridades. Em vez de permanecer exclusivamente no MotoGP — que tem sido cada vez mais desafiante em termos de resultados e competitividade das motos —, Oliveira opta por um novo desafio no WorldSBK, onde as motos derivam de modelos de produção, ao contrário das máquinas protótipo do MotoGP.
Ao mesmo tempo, Oliveira avalia a possibilidade de permanecer ligado ao MotoGP de outra forma. Relatórios indicam que a equipa Aprilia Racing demonstrou interesse em tê-lo como piloto de testes em 2026, algo que dependerá da aprovação da BMW.
Assim, o foco estratégico atual do piloto português é duplo:
Terminar a temporada de 2025 no MotoGP da melhor forma possível, ao mesmo tempo que lança as bases para a sua entrada no WorldSBK. Preparar-se técnica e mentalmente para a transição, incluindo uma possível sobreposição de funções (corridas e testes) entre os dois campeonatos.
Ao refletir sobre o seu passado no MotoGP, Oliveira tem sido transparente. Quando questionado se se arrependeu de não ter substituído Marc Márquez na Honda anteriormente, respondeu:
“Não, não sinto isso. Há dois anos, quando me ofereceram o contrato da HRC, era apenas por um ano… Eu tinha contrato com a Aprilia para essa temporada e disse-lhes que não podia quebrar um contrato existente por outro de apenas um ano.”
Esta resposta demonstra o seu pensamento ponderado e estratégico — um piloto que não reage por impulso, mas que toma decisões com base em estabilidade e princípios pessoais.
2. Estado da Temporada 2025 e Desempenho Recente
Oliveira continua ativo na temporada 2025 do MotoGP, representando a Prima Pramac Yamaha MotoGP Team e competindo com a Yamaha YZR-M1. A sua época tem sido marcada por altos e baixos, com desafios de adaptação à moto japonesa e uma lesão no ombro sofrida anteriormente no ano.
No recente Grande Prémio da Austrália (Phillip Island), o piloto português realizou uma boa recuperação: partiu do 15.º lugar na grelha e terminou em 12.º.
Apesar de não ter subido ao pódio, este resultado demonstra resiliência e capacidade de obter desempenhos consistentes em condições adversas. É um desempenho ainda mais significativo considerando que Oliveira já sabe que o seu futuro passa por outro campeonato, mas mantém total compromisso com o presente.
Com o campeonato a entrar na sua fase final — incluindo as rondas asiáticas —, os objetivos de Miguel são claros: tirar o máximo proveito das corridas restantes, evitar erros, manter a forma e criar embalo para o novo capítulo da sua carreira.
3. Viagens, Treinos e Preparações
Viagens
Com o calendário do MotoGP na reta final, a agenda de viagens de Oliveira torna-se cada vez mais intensa e global. Após a etapa australiana, o piloto segue para a Malásia (Circuito Internacional de Sepang). Esta fase asiática envolve longos voos intercontinentais, adaptação a climas húmidos e mudanças de fuso horário, exigindo grande preparação física e mental.
Nas suas redes sociais, especialmente no Instagram, Oliveira partilha momentos de viagem e pausas entre provas, mostrando um equilíbrio saudável entre descanso e preparação.
Treino e Condição Física
Como atleta de elite, o programa de treinos de Miguel Oliveira é naturalmente rigoroso. Embora não existam detalhes públicos sobre o seu dia a dia, é possível inferir alguns pontos-chave:
Condicionamento físico: o foco está na força do core e da parte superior do corpo, sobretudo pescoço e ombros — zonas críticas, especialmente após a lesão (luxação da articulação esternoclavicular). Cardio e resistência: o MotoGP e o WorldSBK exigem elevada capacidade cardiovascular, reflexos rápidos e concentração sustentada. Preparação específica: com a mudança iminente para o WorldSBK, Oliveira deve começar a adaptar-se às superbikes derivadas de produção, como a BMW M 1000 RR, ao mesmo tempo que continua a competir numa moto protótipo. Preparação mental: a transição de carreira e a necessidade de manter o foco exigem condicionamento psicológico, visualização e gestão da pressão. As suas declarações públicas mostram um piloto mentalmente engajado e confiante neste processo.
Preparação Técnica e da Equipa
O anúncio do acordo com a BMW indica que a integração técnica preliminar já começou. O comunicado da marca destacou:
“Com vitórias em todas as três categorias do Mundial de Velocidade, incluindo cinco no MotoGP, ele traz uma experiência valiosa…”
Assim, Oliveira não está apenas a cumprir a temporada atual, mas também a preparar-se ativamente para a próxima, conhecendo a estrutura da nova equipa, as dinâmicas da moto, o formato do campeonato e fortalecendo relações com engenheiros e técnicos.
4. Reflexões, Mentalidade e Perceção Pública
As declarações recentes de Oliveira revelam uma mentalidade madura e voltada para o futuro. Alguns temas centrais destacam-se:
Orgulho e realismo: o piloto mostra-se orgulhoso das suas conquistas — vitórias no Moto3, Moto2 e MotoGP —, mas reconhece que nem sempre os momentos e as equipas coincidiram da melhor forma.
“Os timings em que entrei em certos projetos talvez não tenham sido ideais.”
Espírito competitivo: mesmo ao mudar de campeonato, Oliveira continua motivado para lutar por vitórias, e não apenas para preencher um lugar. A ida para o WorldSBK representa a oportunidade de competir ao mais alto nível num novo ambiente. Gestão estratégica da carreira: o português mostra que não se contenta com papéis marginais. O possível cargo de piloto de testes da Aprilia enquadra-se numa visão a longo prazo, e não apenas como uma permanência simbólica no MotoGP. Equilíbrio e estilo de vida: embora fale pouco sobre a vida pessoal, esta transição parece também refletir uma busca por nova motivação e melhor equilíbrio. Nas entrevistas e nas redes sociais, demonstra-se ponderado, sereno e focado. Respeito dos pares: o colega Jack Miller, que também deixará o MotoGP rumo ao WorldSBK, comentou:
“Ele é um piloto fantástico e continua num nível incrível. (…) Estarei a observar com muito interesse a sua transição para as Superbikes, será algo muito interessante tanto para ele como para a BMW.”
Esta afirmação demonstra respeito entre colegas e aumenta a expetativa em torno da mudança de Oliveira.
5. Pontos a Observar no Futuro
Com base em tudo isto, há vários indicadores a acompanhar:
Curto Prazo (resto de 2025)
Desempenho em corrida: como Oliveira se adapta nas últimas provas do MotoGP — será capaz de tirar mais do pacote Yamaha e evitar erros? O resultado na Austrália (12.º a partir de 15.º) é uma referência. Condição física: observar se a lesão no ombro ainda influencia o rendimento. Adaptação técnica: haverá testes ou sessões experimentais com a BMW, ainda que informais? Sinais mediáticos: publicações que indiquem dias de testes, pausas, viagens ou integração antecipada com a nova equipa.
Médio Prazo (2026 e além)
Sucesso na entrada no WorldSBK: os primeiros resultados indicarão a rapidez com que se adapta às motos de produção. Função dupla: caso confirme o papel de piloto de testes na Aprilia, será interessante observar como equilibra ambos os compromissos. Integração na BMW: o entrosamento com a equipa técnica será crucial para o sucesso. Motivação e consistência: a capacidade de transformar a experiência do MotoGP em resultados competitivos no WorldSBK será determinante.
6. Resumo Final
Em suma, Miguel Oliveira vive uma das transições mais importantes da sua carreira. Mantém-se totalmente empenhado na reta final da temporada 2025 do MotoGP com a Prima Pramac Yamaha, mas já prepara a mudança para a ROKiT BMW Motorrad WorldSBK Team em 2026.
A decisão reflete a sua ambição de continuar a competir ao mais alto nível, recusando-se a aceitar papéis secundários.
A sua rotina de viagens e treinos mostra a intensidade do calendário do MotoGP, combinada com a preparação física, técnica e mental necessária para o novo desafio.
As suas declarações revelam um piloto maduro, estratégico, motivado e realista — alguém que encara a mudança não como um fim, mas como uma evolução natural de uma carreira marcada pela determinação e pela busca contínua de novos horizontes competitivos.
O que virá a seguir — o desfecho da temporada 2025, a adaptação ao WorldSBK e a eventual função na Aprilia — definirá o próximo capítulo da trajetória de um dos mais talentosos e consistentes pilotos portugueses da era moderna do motociclismo.