A Perseguição do FC Porto por Vitor Reis: Dentro da Batalha de Transferências de Verão pelo Talento Brasileiro do Manchester City
O FC Porto esteve entre os clubes mais determinados a garantir os serviços do promissor defesa brasileiro Vitor Reis durante a mais recente janela de transferências de verão. De acordo com uma reportagem divulgada nesta terça-feira pela ESPN Brasil, os “Dragões” fizeram abordagens diretas ao Manchester City com o objetivo de explorar uma possível transferência do jovem altamente cotado, cujo futuro se tornara incerto devido às oportunidades limitadas sob o comando de Pep Guardiola.
Do Prodigioso Palmeiras ao Novo Investimento do Manchester City
Nascido no Brasil e formado na prestigiada academia de base do Palmeiras, Vitor Reis é amplamente considerado um dos mais promissores defesas de sua geração. Depois de se destacar de forma consistente nas categorias de base, o jovem de 19 anos foi promovido à equipa principal pelo técnico português Abel Ferreira, cuja confiança no zagueiro representou um marco importante no rápido desenvolvimento do jogador.
Apesar da experiência limitada ao nível sénior — apenas 22 jogos oficiais pelos campeões brasileiros —, a sua maturidade com a bola, forte sentido posicional e robustez física rapidamente chamaram a atenção de grandes clubes europeus. Entre eles, o Manchester City destacou-se como o mais proativo, concluindo em janeiro de 2025 uma transferência avaliada em cerca de 37 milhões de euros para levar o jovem defesa à Premier League.
Oportunidades Limitadas sob Guardiola
No entanto, a mudança para Manchester não se desenrolou conforme o esperado para o adolescente. Na segunda metade da temporada 2024/25, Reis encontrou pouquíssimo espaço no Etihad Stadium. Sob a estrutura tática de Pep Guardiola — fortemente baseada em defesas experientes e taticamente versáteis —, o brasileiro somou apenas 226 minutos de jogo, distribuídos por quatro partidas oficiais, diante de Leyton Orient, Plymouth Argyle, Leicester City e Wydad Athletic Club.
A intensa concorrência por um lugar na linha defensiva do City revelou-se um desafio formidável para o jovem jogador. O setor defensivo dos “Citizens” conta atualmente com alguns dos melhores centrais do futebol mundial, como Rúben Dias, Nathan Aké, John Stones, Joško Gvardiol e Abdukodir Khusanov. Essa profundidade de opções acabou por restringir as hipóteses de Reis mostrar o talento e a compostura que o destacaram nas seleções de base do Brasil.
A Estratégia de Empréstimos do City e o Interesse do Porto
Diante do reduzido tempo de jogo e do desejo do clube em manter a trajetória de desenvolvimento do atleta, o Manchester City começou a explorar a possibilidade de emprestar Vitor Reis. O objetivo era garantir-lhe minutos regulares num ambiente competitivo, idealmente numa liga europeia de alto nível que permitisse ao clube acompanhar de perto o seu progresso.
Foi neste contexto que surgiu o interesse do FC Porto, liderado pelo presidente André Villas-Boas. Os “Dragões” possuem uma reputação consolidada na identificação e valorização de jovens talentos, especialmente oriundos da América do Sul, antes de os integrarem no topo do futebol europeu. Segundo as informações divulgadas, o departamento desportivo portista via em Reis um encaixe perfeito para o seu sistema defensivo — um central jovem, tecnicamente refinado e com potencial para evoluir rapidamente na competitiva Primeira Liga e nas competições europeias.
A ESPN também revelou que o Porto não foi o único clube interessado. O Bayern de Munique, atual campeão alemão, monitorava de perto a situação, reconhecendo em Reis um potencial ativo defensivo a longo prazo. Contudo, os vínculos contratuais do jogador e o desejo do Manchester City de manter controlo direto sobre o seu desenvolvimento complicaram as negociações externas.
Girona: Um Destino Estratégico de Empréstimo
No final, o Manchester City optou por emprestar Vitor Reis ao Girona FC, numa movimentação que se enquadra na estratégia de desenvolvimento dentro do City Football Group. O Girona, que se firmou como uma força competitiva em La Liga, oferece uma plataforma ideal para jovens talentos do grupo se adaptarem às exigências táticas e físicas do futebol europeu, permanecendo sob supervisão direta da estrutura do City.
A escolha do destino espanhol foi estratégica. O estilo de jogo do Girona, centrado na construção desde a defesa e na precisão técnica, espelha de perto o modelo do Manchester City, permitindo a Reis desenvolver-se dentro de um contexto tático familiar. Sob o comando do técnico Míchel, o defesa brasileiro já começou a conquistar minutos importantes, tendo participado em oito dos primeiros nove jogos oficiais da equipa na atual temporada.
A sua atuação mais recente ocorreu na derrota por 2-1 diante do Barcelona, no Estádio Olímpico Lluís Companys — um jogo em que demonstrou compostura, maturidade e confiança perante adversários de elite mundial.
O Que Poderia Ter Sido para o Porto
Para o FC Porto, perder Vitor Reis representou um pequeno contratempo na sua estratégia contínua de reforçar o setor defensivo com jogadores jovens e de alto potencial. O clube português tem demonstrado uma mudança estratégica clara, focando-se na contratação de talentos emergentes que possam fortalecer o plantel principal e, simultaneamente, gerar lucro futuro através de vendas.
Sob a liderança de André Villas-Boas, o Porto tem intensificado a sua presença no mercado sul-americano — especialmente no Brasil —, onde historicamente obteve grandes sucessos. Jogadores como Éder Militão, Alex Telles e Danilo Pereira seguiram trajetórias semelhantes, transitando do futebol brasileiro para o Porto antes de protagonizarem transferências milionárias para as principais ligas europeias.
Se a transferência tivesse sido concretizada, Vitor Reis poderia ter sido o próximo nome dessa linhagem. A sua capacidade técnica, conforto com a bola nos pés e versatilidade para atuar tanto numa linha de quatro como numa defesa a três tornavam-no um recurso valioso para o esquema tático dos “Dragões”. Além disso, o ambiente lusófono e a tradição do Porto na integração de jogadores brasileiros teriam facilitado o seu processo de adaptação.
A Visão de Longo Prazo do Manchester City
Do ponto de vista do Manchester City, a decisão de manter Reis dentro da estrutura do City Football Group, em vez de emprestá-lo a um clube externo, reflete a confiança a longo prazo no seu potencial. Apesar dos poucos minutos ao serviço de Guardiola, a equipa técnica acredita que o brasileiro possui o perfil técnico e a inteligência tática necessários para triunfar, a médio prazo, no sistema do City.
O ambiente competitivo do Girona permite ao City monitorar o progresso do jogador de perto, enquanto este ganha experiência regular numa das principais ligas europeias. Caso mantenha uma trajetória ascendente ao longo da temporada 2025/26, não está descartada uma reintegração no plantel principal ou mesmo uma transferência para outro clube de topo dentro da rede do grupo.
Olhando para o Futuro
Por agora, o foco de Vitor Reis está em consolidar o seu lugar no onze titular do Girona e provar que é capaz de atuar de forma consistente ao mais alto nível. O seu desenvolvimento será acompanhado de perto tanto pelo Manchester City como por potenciais futuros interessados, entre os quais o FC Porto, que provavelmente continuará a observá-lo em próximas janelas de transferências.
Com apenas 19 anos, a carreira do brasileiro ainda está em fase inicial, mas a combinação de potencial bruto, formação de elite e exposição competitiva sugere que Vitor Reis caminha para se tornar um dos mais promissores defesas sul-americanos da nova geração.
Embora o FC Porto tenha perdido esta oportunidade, a sua postura proativa reforça a ambição contínua do clube em competir por talentos emergentes — uma filosofia que mantém os “Dragões” entre os clubes mais competentes e respeitados da Europa na formação e valorização de jogadores.