Assembleia Geral da Liga Portuguesa Aprova Contas de 2024/25 com Forte Enfoque Operacional e Orçamento Ambicioso para 2025/26
Os clubes filiados na Liga Portuguesa de Futebol Profissional reuniram-se nesta terça-feira para a Assembleia Geral Ordinária da Liga Portugal, um encontro institucional de grande relevância que serviu tanto para avaliar a época desportiva de 2024/2025, recentemente concluída, como para delinear as perspetivas financeiras e operacionais para o próximo exercício.
A sessão, marcada por discussões em torno das contas da Liga, do impacto dos recentes investimentos em infraestruturas e da futura distribuição de receitas, terminou com a aprovação do exercício de gestão apresentado pela atual Direção Executiva.
Na votação final, 25 clubes deram o seu aval, enquanto apenas dois – FC Porto e Académico de Viseu – optaram pela abstenção. Outros seis clubes, entre os quais se destacam SL Benfica, Rio Ave, CD Tondela, CD Nacional, União de Leiria e Lusitânia de Lourosa, não estiveram representados na Assembleia. Apesar dessas ausências e abstenções, a sessão resultou num apoio claro à estratégia definida pelas equipas de gestão da Liga.
Balanço Financeiro da Época 2024/25
As contas apresentadas refletiram um ano financeiro complexo, marcado por uma transição de liderança e pelo impacto económico contínuo de grandes projetos de investimento. O resultado operacional da Liga na época 2024/25 foi de 230 mil euros, um valor positivo mas bastante inferior ao superavit de 2,6 milhões de euros registado no exercício anterior.
Este decréscimo não foi atribuído a má gestão, mas sim a alterações estruturais e a novos compromissos de custo. A Liga sublinhou que o exercício deste ano foi o primeiro a refletir integralmente o peso financeiro da sua nova sede, no Porto – uma importante obra de infraestrutura. Os encargos relacionados com o financiamento, operacionalização e manutenção do edifício foram apontados como determinantes na alteração do equilíbrio financeiro.
Outro aspeto relevante foi o facto de as contas de 2024/25 terem sido repartidas entre duas administrações distintas. De julho de 2024 a abril de 2025, a Liga foi liderada pela direção executiva presidida por Pedro Proença, responsável pela maioria da temporada. Em abril de 2025, assumiu funções o novo conselho diretivo, chefiado por Reinaldo Teixeira, que conduziu o exercício até junho. Esta dupla liderança foi assinalada como uma dinâmica invulgar no ciclo de reporte.
As contas incluíram ainda uma rubrica de “receita extraordinária” no valor de quase 2 milhões de euros, resultante de uma transação envolvendo a troca de terrenos e acordos de apoio contratual com a Câmara Municipal do Porto. Embora tenha dado um reforço pontual ao balanço, a Liga alertou que este tipo de receita não será recorrente e, por isso, não pode ser considerada em projeções de longo prazo.
Foco da Atual Direção Executiva
Desde que assumiu funções em abril de 2025, a nova direção liderada por Reinaldo Teixeira tem defendido uma estratégia pragmática centrada no controlo de custos, aumento de receitas e eficiência operacional.
No discurso perante a Assembleia Geral, Teixeira e a sua equipa destacaram os esforços para equilibrar os investimentos em infraestruturas e tecnologia com a necessidade de salvaguardar a sustentabilidade financeira da Liga e dos clubes.
A atual gestão sublinhou que a austeridade e a eficiência continuarão a ser princípios orientadores. Paralelamente, existe um compromisso claro em aumentar as receitas comerciais, sobretudo através da otimização dos direitos de exploração das competições, parcerias estratégicas e iniciativas digitais inovadoras que visam expandir o alcance de mercado da Liga.
Orçamento Ambicioso para a Época 2025/26
Um dos pontos centrais discutidos na Assembleia foi a apresentação do Orçamento e Plano de Atividades para 2025/26, que prevê uma receita recorde superior a 31,8 milhões de euros. Esta previsão ambiciosa está associada à intenção de realizar a maior distribuição de dividendos de sempre às Sociedades Desportivas participantes, com mais de 10 milhões de euros reservados para alocação direta.
Para além destes números históricos, o Conselho Executivo projeta ainda um superavit operacional de 580 mil euros no próximo exercício. A projeção demonstra a confiança da direção em manter resultados positivos, apesar dos encargos fixos acrescidos com as infraestruturas.
Os responsáveis da Liga classificaram o plano como realista e ambicioso, frisando que o modelo financeiro se mantém estável ao mesmo tempo que promove o crescimento e uma maior redistribuição de recursos. A aposta na distribuição de dividendos foi destacada como um passo crucial para reforçar a competitividade do futebol profissional português, garantindo que os clubes beneficiem diretamente do sucesso comercial da Liga.
Aprovação Unânime da Afetação de Fundos
Para além das contas, a Assembleia aprovou por unanimidade várias medidas relacionadas com a gestão de fundos. Em concreto, ficou aprovada a distribuição do saldo positivo resultante da exploração comercial das competições, bem como a afetação dos fundos não executados do ciclo anterior ao Fundo de Apoio Tecnológico.
Criado em 2017, este fundo mantém-se como um instrumento vital para ajudar as Sociedades Desportivas a investir em modernização, transformação digital e adoção de tecnologias que melhorem tanto a operação em dias de jogo como a experiência dos adeptos. Os clubes foram relembrados de que continuam elegíveis para candidaturas a este fundo, de forma a modernizar infraestruturas e alinhar-se com a estratégia da Liga de modernização.
Implicações Mais Amplas e Visão Estratégica
As decisões ratificadas na sessão de terça-feira têm implicações significativas para o futebol português, tanto em termos estruturais como competitivos. A aprovação das contas de 2024/25, apesar da redução dos lucros face a épocas anteriores, traduz um reconhecimento coletivo da necessidade de absorver os custos de infraestruturas como base para o crescimento a longo prazo.
A nova sede, embora atualmente represente um encargo financeiro, é vista como um ativo estratégico a médio e longo prazo, ao centralizar operações, reforçar a identidade corporativa da Liga e proporcionar uma base moderna para a coordenação do futebol profissional português. Os responsáveis insistiram que estes investimentos são fundamentais para consolidar a Liga Portugal como uma entidade moderna, bem governada e competitiva no panorama europeu.
Paralelamente, as previsões de receitas recorde e de distribuição de dividendos para 2025/26 reforçam o otimismo sustentado pela atividade comercial da Liga. O aumento da redistribuição foi entendido como vital para garantir uma liga doméstica mais competitiva, com reflexos também no desempenho das equipas portuguesas em competições europeias.
Governação, Transparência e Dinâmica entre Clubes
Os padrões de votação também revelam aspetos relevantes da dinâmica entre clubes-membros. A larga maioria apoiou as propostas da direção, mas as abstenções do FC Porto e do Académico de Viseu recordam a existência de perspetivas diversas dentro da estrutura da Liga. Embora não tenha havido oposição formal, abstenções são frequentemente interpretadas como sinal de reservas quanto à estratégia financeira, práticas de governação ou mecanismos de distribuição.
Igualmente notável foi a ausência de Benfica, Rio Ave, Tondela, Nacional, União de Leiria e Lusitânia de Lourosa. Embora a sua falta não tenha comprometido a aprovação das medidas, evidenciou que a participação plena de todos os intervenientes continua a ser um desafio na governação coletiva. Manter diálogo ativo e consenso entre um grupo tão vasto de instituições será um teste constante para a liderança da Liga.
Ainda assim, o facto de as principais medidas terem sido aprovadas com larga maioria reforça um ambiente de estabilidade institucional. A direção da Liga interpretou as decisões como prova de confiança na sua linha de gestão, alicerçada na prudência operacional e na maximização de receitas.
Conclusão
A Assembleia Geral Ordinária da Liga Portugal, realizada nesta terça-feira, revelou-se um momento crucial para o organismo que gere o futebol profissional em Portugal. Com a aprovação das contas de 2024/25 e a apresentação do orçamento e plano de atividades para 2025/26, a Liga definiu um roteiro que conjuga prudência financeira com metas comerciais ambiciosas.
As contas espelham os desafios de uma transição de liderança, da absorção de novos custos de infraestruturas e da ausência de receitas extraordinárias recorrentes. Ainda assim, demonstram resiliência, ao registar um resultado operacional positivo num contexto de maiores compromissos financeiros.
Olhando para o futuro, a previsão de mais de 31,8 milhões de euros em receitas, a distribuição recorde de 10 milhões em dividendos e um superavit projetado de 580 mil euros estabelecem um tom de otimismo. A aprovação da redistribuição de saldos comerciais e o reforço do fundo tecnológico confirmam a Liga como um agente ativo no crescimento e modernização dos clubes.
Em síntese, embora o resultado financeiro de 2024/25 seja mais modesto face a anos anteriores, a mensagem estratégica transmitida na Assembleia foi inequívoca: o futebol português está a investir no seu futuro, modernizando estruturas e assegurando que os frutos do crescimento sejam partilhados entre todo o ecossistema de clubes. O desafio para a direção de Reinaldo Teixeira será transformar projeções em resultados, manter o consenso entre os clubes e consolidar a Liga Portugal como uma força sustentável e competitiva no contexto europeu.