Miguel Oliveira deixará o MotoGP após 2025 — Reflete sobre as escolhas da carreira e mira o futuro no Mundial de Superbikes
O astro português do MotoGP, Miguel Oliveira, se despedirá da principal categoria do motociclismo no final da temporada de 2025, encerrando um ciclo de seis anos na elite do esporte. A decisão surge após a equipe Pramac Racing optar por não manter o piloto para 2026, escolhendo seguir em frente com Toprak Razgatlioglu e Jack Miller.
Apesar de ter um contrato válido até o final do próximo ano, a passagem de Oliveira pela Yamaha foi interrompida depois que a marca japonesa ativou uma cláusula de desempenho para encerrar o vínculo. Atualmente ocupando o 21º lugar na classificação geral e sendo o piloto Yamaha com pior posição em 2025, o desempenho abaixo das expectativas — prejudicado por lesões e falta de consistência — acabou selando seu destino.
Uma temporada de dificuldades e oportunidades perdidas
A campanha de 2025 de Oliveira nunca chegou a engrenar. Após uma pré-temporada promissora, o português sofreu uma forte queda no Grande Prêmio da Argentina, que o obrigou a perder quatro corridas consecutivas. Embora tenha retornado com determinação, o ritmo e a confiança física nunca foram totalmente recuperados.
Com apenas duas chegadas no top 10 em toda a temporada, Oliveira não conseguiu acompanhar o ritmo de seus companheiros de equipe nem dos principais representantes da Yamaha. A equipe japonesa inicialmente demonstrou confiança em sua recuperação, mas acabou decidindo buscar outras opções para 2026 — decisão que culminou na contratação de Jack Miller.
“Foi uma temporada difícil, sem dúvida”, declarou Oliveira a jornalistas. “As lesões dificultaram a construção de um bom ritmo, e o nível do MotoGP hoje é incrivelmente alto. Ainda assim, tenho orgulho do que conquistei e sou grato pela jornada.”
Miller, que retorna à Pramac após sua passagem pela KTM, formará dupla com Razgatlioglu a partir de 2026, compondo uma das duplas mais interessantes do grid.
Da KTM à Yamaha: a trajetória de um vencedor comprovado
A trajetória de Miguel Oliveira no MotoGP foi marcada por perseverança e adaptabilidade. Ele fez sua estreia na categoria principal em 2019 com a Tech3 KTM, onde rapidamente demonstrou seu talento natural. Após duas temporadas na equipe satélite, foi promovido ao time de fábrica da KTM, conquistando cinco vitórias em Grandes Prêmios entre 2020 e 2022 — incluindo triunfos memoráveis nas etapas da Estíria, Portugal e Catalunha.
Buscando novos desafios, Oliveira mudou-se para a Aprilia em 2023, ingressando na equipe satélite RNF, e posteriormente migrando para a Trackhouse Aprilia em 2024. Embora tenha mostrado lampejos de velocidade e técnica, as lesões e problemas mecânicos o impediram de manter resultados consistentes.
Apesar das adversidades, sua reputação como piloto preciso, inteligente e técnico permaneceu intacta — qualidades que continuam fazendo dele uma figura respeitada no paddock.
Recusando a Honda: “Não faz parte do meu caráter quebrar um acordo”
A carreira de Oliveira no MotoGP poderia ter seguido um caminho completamente diferente se ele tivesse aceitado substituir Marc Márquez na Honda em 2023. Quando o espanhol decidiu deixar a Repsol Honda Team um ano antes do fim do contrato, Oliveira foi um dos primeiros pilotos contatados para ocupar a vaga, segundo o portal Motorsport.com.
Na época, contudo, o português já havia se comprometido com a Aprilia (Trackhouse) para a temporada de 2024. A proposta da Honda — um contrato de apenas um ano — não se alinhava com as prioridades e princípios profissionais de Oliveira.
“Não, não me arrependo”, explicou o piloto ao relembrar aquele período. “Dois anos atrás, quando me ofereceram o contrato com a HRC, era por apenas um ano. Eu já tinha um acordo com a Aprilia e disse que não podia quebrar um contrato existente por uma oportunidade tão curta. Isso prejudicaria relacionamentos. Eu precisava de um acordo de pelo menos dois anos, e eles não ofereceram. Não faz parte do meu caráter romper um compromisso apenas para mudar de assento.”
A decisão levou a Honda a assinar com Luca Marini, que desde então vem se adaptando bem à equipe japonesa. Apesar do bom desempenho de Marini e da recuperação gradual da Honda, Oliveira afirma que mantém sua decisão com orgulho, priorizando lealdade e visão de longo prazo em detrimento de ganhos imediatos.
Transição para o Mundial de Superbikes em 2026 — Um novo desafio à vista
Com o encerramento de sua passagem pelo MotoGP, Oliveira já definiu o próximo passo da carreira. O português competirá pela BMW no Mundial de Superbike (WSBK) em 2026, assumindo o lugar de Toprak Razgatlioglu.
Razgatlioglu, atualmente travando uma acirrada disputa pelo título com Nicolo Bulega, está prestes a conquistar seu terceiro título mundial e o segundo consecutivo pela BMW em 2025. A chegada de Oliveira é vista como uma movimentação estratégica, tanto para manter a competitividade da equipe quanto para acrescentar experiência de MotoGP ao projeto.
“Estou animado com o que vem pela frente”, declarou Oliveira. “O Mundial de Superbike é extremamente competitivo, e o progresso da BMW tem sido impressionante. É o lugar certo para continuar me desafiando como piloto.”
A mudança representa um novo capítulo e uma continuação natural da carreira do português, que busca seguir competitivo em alto nível e ampliar seu legado nas pistas.
Possível papel no MotoGP após 2025
Embora sua carreira como piloto titular no MotoGP termine em 2025, o vínculo de Oliveira com a categoria pode não se encerrar completamente. A Yamaha chegou a estudar a possibilidade de mantê-lo como piloto de testes ou em um papel duplo de desenvolvimento MotoGP–WSBK, mas as conversas não avançaram.
Nos bastidores, a Aprilia surgiu como uma possível interessada em contar com o português como piloto de testes e desenvolvimento em 2026, aproveitando sua experiência anterior com as motos da marca através das equipes RNF e Trackhouse.
O acordo, contudo, dependeria da aprovação da BMW, já que Oliveira estará oficialmente vinculado à fabricante alemã em 2026. Ainda assim, uma colaboração entre as partes poderia ser benéfica para ambos os lados, unindo a necessidade de evolução da Aprilia ao prestígio técnico e mediático de Oliveira.
Fontes próximas à Dorna Sports, detentora dos direitos comerciais do MotoGP, afirmam que há interesse em manter Oliveira no ecossistema do campeonato a longo prazo. Uma possível volta à competição em 2027 não está descartada, especialmente se houver expansão do grid ou surgimento de novas equipes satélites.
Por ora, o foco de Oliveira está em encerrar 2025 da melhor forma possível, antes de concentrar suas energias na adaptação ao novo ambiente das Superbikes.
“Cada capítulo termina por um motivo”, comentou recentemente. “O MotoGP me proporcionou memórias e lições incríveis. Serei sempre grato, mas estou pronto para o que vem a seguir.”
Conclusão
A jornada de Miguel Oliveira no MotoGP foi marcada por perseverança, integridade e talento. Desde os primeiros dias como promessa da KTM até o papel de veterano com Aprilia e Yamaha, o português demonstrou uma dedicação exemplar ao esporte.
Embora o fim de sua carreira na categoria principal em 2025 simbolize o encerramento de uma era, ele também abre portas para novas oportunidades — tanto no Mundial de Superbike quanto em funções de desenvolvimento dentro do MotoGP.
Independentemente do que o futuro reserva, Miguel Oliveira já consolidou seu legado como um dos pilotos mais talentosos, respeitados e bem-sucedidos da história do motociclismo português.