FC Porto Critica a Liga Portugal pela Recalendarização do Jogo com o Arouca, Apontando Desvantagem Competitiva Antes de Partidas Decisivas
O FC Porto emitiu um comunicado contundente a condenar a decisão de recalendarizar o jogo da 7.ª jornada da Liga Portugal Betclic frente ao FC Arouca, inicialmente marcado para domingo, 28 de setembro de 2025. O clube dirigiu críticas à Liga Portugal, ao FC Arouca, à Câmara Municipal de Arouca e às autoridades de segurança competentes, acusando todas as partes envolvidas de falta de previsibilidade e má gestão na organização do calendário do futebol nacional.
A polémica centra-se na coincidência entre o jogo caseiro do Arouca e a Feira das Colheitas, evento anual do município que se realiza todos os meses de setembro e que, inevitavelmente, gera complicações logísticas e de segurança. O FC Porto argumentou que esta sobreposição entre duas “realidades constantes e recorrentes” deveria ter sido antecipada muito antes do sorteio do calendário da liga, realizado a 4 de julho.
Recusa do FC Porto em Aceitar a “Segunda-Feira à Noite”
Quando ficou claro que o Arouca não poderia receber o jogo na data original de 28 de setembro às 20h30, por razões de segurança confirmadas num despacho da presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, a Liga Portugal transferiu o encontro para a noite seguinte, segunda-feira, 29 de setembro, às 20h00.
O FC Porto rejeitou categoricamente este ajuste, invocando razões de justiça desportiva e regulatórias. Os dragões sublinharam que tal recalendarização obrigaria a equipa a disputar três jogos no espaço de uma semana — uma sequência que inclui um confronto crucial da fase de grupos da Liga Europa frente ao Estrela Vermelha de Belgrado e o primeiro “Clássico” da época contra o rival SL Benfica.
O clube reforçou ainda que a redução do tempo de recuperação antes do compromisso europeu prejudica não apenas o rendimento do FC Porto, mas também os interesses mais amplos do futebol português nas competições da UEFA. “O atual calendário competitivo dos clubes participantes em competições europeias torna a gestão dos tempos de recuperação absolutamente crucial”, lê-se no comunicado, sublinhando que estes problemas de agendamento afetam diretamente a saúde dos jogadores, o desempenho desportivo e o ranking da UEFA de Portugal.
Proposta Alternativa Ignorada
Em vez de aceitar a data de 29 de setembro, o FC Porto propôs o dia 30 de outubro como alternativa. Segundo o clube, essa solução cumpria o disposto no artigo 42.º, n.º 2, do Regulamento de Competições, que permite reagendamentos dentro de uma janela de seis semanas. O FC Porto destacou que 30 de outubro era a única data livre a meio da semana que não interferia com os compromissos da Liga Europa.
Contudo, o FC Arouca terá recusado esta sugestão, e a Liga Portugal impôs unilateralmente a data de 29 de setembro. No comunicado, o FC Porto acusou a Liga de ignorar o artigo 46.º, n.º 1, alínea b), do Regulamento de Competições, que estipula que os jogos não podem ser reagendados para dentro de um intervalo de 30 horas em relação ao horário original se uma das equipas tiver um jogo da UEFA na semana seguinte. O clube referiu ainda que o invulgar horário das 20h00 não se enquadra no quadro regulamentar habitual.
Acusações de Decisão Política
O comunicado foi mais longe, questionando as motivações por trás da decisão da Liga Portugal. O FC Porto acusou o presidente da Liga, Reinaldo Teixeira, e a sua direção executiva de terem tomado uma “decisão política” que visava deliberadamente prejudicar o clube.
Os dragões apontaram o que consideram ser uma contradição, recordando a recente apresentação da iniciativa “Goal 2028” pela Liga. Anunciado apenas uma semana antes, o programa tem como objetivo reforçar o ranking da UEFA e tornar a Primeira Liga mais competitiva a nível internacional. O FC Porto ironizou esta incoerência, afirmando:
“Sete dias depois de anunciar o Goal 2028, a Liga retira um dia de descanso ao FC Porto antes de um jogo europeu.”
O clube sugeriu ainda que as críticas feitas à Liga durante o recente período eleitoral podem ter influenciado esta decisão. “Embora só Reinaldo Teixeira possa esclarecer as suas motivações”, prossegue o comunicado, “talvez as preocupações expressas pelo FC Porto durante a campanha eleitoral da Liga ajudem a explicar esta postura.”
Implicações Mais Amplas para o Futebol Português
O FC Porto enquadrou esta disputa de calendário não apenas como uma questão de interesse próprio, mas como um reflexo de problemas de governação mais profundos no futebol português. O clube defendeu que a falta de previsibilidade e a ausência de preparação organizativa por parte da Liga Portugal colocam em risco as ambições europeias de Portugal num momento crucial.
Com a Bélgica a tentar ultrapassar Portugal no ranking da UEFA e o objetivo outrora plausível de superar os Países Baixos a tornar-se cada vez mais distante, os dragões acreditam que a incapacidade da Liga em priorizar os calendários dos seus principais clubes compromete o futuro coletivo do futebol nacional.
“A falta de planeamento na definição do calendário desportivo e a incapacidade da Liga Portugal em encontrar uma solução demonstram uma impreparação inaceitável”, declarou o clube, “em prejuízo dos clubes profissionais e do coeficiente de Portugal no ranking da UEFA.”
Palavras Finais do Clube
Apesar da frustração, o FC Porto concluiu o comunicado garantindo que esta polémica não desviará a equipa dos seus objetivos competitivos. O clube desvalorizou aquelas que descreve como “manobras e interesses de bastidores”, assegurando que o plantel se mantém focado tanto nas competições nacionais como nas europeias.
O comunicado encerrou com uma nota de ironia, aludindo ao que o FC Porto chamou de “mundo imaginário de uma competição diferenciada, profissional, internacional e vendável”, em contraste com aquilo que considera serem as duras realidades da administração do futebol português.