Farioli Enfrenta Quebra-Cabeça de Seleção Enquanto o FC Porto se Prepara para o Confronto com o Nacional em Meio a Crise de Lesões
O treinador do FC Porto, Francesco Farioli, vê-se diante de uma série de decisões difíceis antes do próximo jogo da sua equipa na Primeira Liga contra o Nacional da Madeira, já que uma lista crescente de lesões continua a atrapalhar a preparação. Os Dragões, que lideram atualmente a classificação do campeonato, regressam à ação após a pausa internacional no sábado, às 18h00, quando recebem a formação madeirense no Estádio do Dragão, em partida válida para a quinta jornada da competição.
Com ainda duas sessões de treino pela frente antes do jogo, persiste alguma incerteza relativamente à recuperação de vários jogadores importantes. O que é certo, porém, é que Farioli será novamente obrigado a mexer no onze inicial para lidar com as ausências de nomes cruciais em setores defensivos, de meio-campo e ataque.
Dores de Cabeça na Defesa
A principal preocupação de Farioli encontra-se na defesa, onde as lesões deixaram o Porto sem um lateral-direito de raiz. Tanto Alberto Costa como Martim Fernandes permanecem indisponíveis, privando a equipa de duas opções que tinham sido utilizadas nessa posição nas primeiras jornadas. Essa escassez obrigou o treinador italiano a ponderar soluções improvisadas, sendo o brasileiro Pepê o candidato mais provável para ocupar a vaga no sábado.
Pepê, que é mais conhecido como jogador de ataque pelas alas, já tem experiência como lateral-direito sob o comando do antigo treinador Sérgio Conceição e, posteriormente, com o interino Vítor Bruno. A sua versatilidade e inteligência tática tornam-no uma opção de recurso fiável para aquela zona do campo. O jogador de 27 anos regressa após ter sido submetido a uma pequena cirurgia ocular, que o afastou dos últimos dois jogos do Porto. A sua disponibilidade, portanto, é um alívio para Farioli num momento em que as opções são limitadas.
Outra alternativa em análise é Zé Pedro, defesa-central que chegou a atuar como lateral-direito em alguns jogos de pré-época. Apesar de ter mostrado competência nessa função durante o verão, a possibilidade de ser utilizado contra o Nacional parece reduzida. Farioli prevê que os visitantes passem longos períodos a defender, exigindo que o lateral-direito do Porto suba bastante para apoiar o ataque — uma tarefa para a qual Zé Pedro não está tão talhado.
Também está em consideração o recém-chegado Pedro Lima. O jovem lateral, emprestado pelo Wolverhampton Wanderers no último dia de mercado, foi testado nessa posição no empate a 2-2 frente ao Lusitânia de Lourosa, em jogo amigável disputado na segunda-feira. Relatos internos apontam que o jogador de 21 anos impressionou pela energia e serenidade nos treinos. Embora ainda esteja em fase de adaptação, Lima poderá ter minutos, seja como titular ou entrando a partir do banco, sobretudo se Farioli optar por colocar Pepê numa posição mais avançada.
A incerteza sobre quem irá ocupar o flanco direito espelha um problema mais amplo de profundidade no setor defensivo do Porto. As lesões deixaram os Dragões vulneráveis em posições-chave, e o treinador terá de equilibrar a solidez atrás com a projeção ofensiva que os seus laterais devem garantir no modelo tático.
Ajustes no Meio-Campo
No meio-campo, Farioli também poderá ser forçado a reconfigurar as suas opções devido às dúvidas em torno da condição física de Gabri Veiga. O espanhol, ex-Celta de Vigo, tem participado nos treinos mas de forma limitada, com o departamento médico a adotar cautela para não acelerar o processo. Tendo em conta a intensidade da época e o clássico contra o Benfica já no dia 5 de outubro, o técnico portista inclina-se para poupar Veiga em vez de correr o risco de agravar a sua situação.
Rodrigo Mora, que se tem afirmado como opção fiável nas últimas semanas, é o principal candidato a substituí-lo novamente. O médio de 21 anos foi titular no empate frente ao Sporting em Alvalade antes da pausa internacional e assinou uma exibição disciplinada, demonstrando capacidade para corresponder em jogos de maior responsabilidade. A sua energia e capacidade de recuperação de bola podem ser particularmente úteis diante de um Nacional que deverá jogar recuado para travar o ritmo ofensivo do Porto.
Outro jogador que espera ganhar espaço é Pablo Rosario. O médio holandês tem trabalhado para conquistar mais minutos e poderá surgir ao lado de Mora ou numa abordagem de rotação. A sua presença física e habilidade em destruir jogadas adversárias tornam-no um recurso valioso, sobretudo em partidas onde o Porto precisa de impor domínio nos duelos a meio-campo.
Stephen Eustaquio também está cada vez mais perto do regresso. O internacional canadiano encontra-se na fase final de recuperação e já retomou parte dos treinos. Embora seja improvável que inicie o jogo de sábado, poderá ser incluído na convocatória, oferecendo a Farioli mais uma solução no setor caso seja necessário controlar melhor o encontro ou reforçar a consistência defensiva.
A forma como o treinador irá gerir estas escolhas no meio-campo será crucial, uma vez que o Porto precisa de equilibrar criatividade e disciplina. Sem a visão de Veiga, a equipa pode perder alguma fluidez na posse, pelo que Farioli deverá apostar em Mora ou Rosario para garantir ritmo e simplicidade nas transições.
Dilemas no Ataque
No ataque, a situação não é menos complicada. A boa notícia é o regresso de Samu ao onze inicial, após superar uma lesão muscular que o afastou de dois jogos. O avançado já tinha tido minutos frente ao Sporting, entrando a 11 minutos do fim, e agora deverá estar apto para começar de início diante do Nacional. A sua versatilidade e capacidade de encarar os defesas serão vitais para furar o bloco baixo do adversário.
No entanto, a ausência do avançado de referência Luuk de Jong representa um duro golpe. O holandês sofreu uma entorse no joelho na última terça-feira e está fora não só do duelo contra o Nacional como também do clássico frente ao Benfica. A lesão deixa o Porto sem um ponta-de-lança de raiz, já que Denis Gul é o único disponível. O jovem ainda não se afirmou plenamente neste nível, mas Farioli poderá ter de confiar nele nos próximos compromissos.
Para agravar o cenário, William Gomes — que vinha aproveitando a ausência de Pepê com dois golos espetaculares e boas exibições — também saiu lesionado do particular com o Lourosa. Apesar dos indícios de recuperação a tempo do jogo de sábado, é improvável que seja arriscado de início. O mais provável é que comece no banco ou seja mesmo poupado, tendo em vista a sequência exigente de jogos.
Se William não estiver em condições de jogar de início, uma das hipóteses passa por avançar Rodrigo Mora no terreno e encaixar Pablo Rosario no meio-campo. Outra alternativa seria devolver Pepê à ala direita, a sua posição natural, abrindo espaço para Pedro Lima assumir a lateral.
Uma carta surpresa no baralho é Bryan Caicedo. O jovem colombiano de 19 anos tem treinado com a equipa principal e é bastante apreciado pela equipa técnica. Embora não deva ser titular, Farioli poderá conceder-lhe minutos no decorrer da partida, permitindo-lhe ganhar experiência progressivamente.
Lista Crescente de Lesionados
De momento, o boletim clínico do FC Porto preocupa cada vez mais. Além dos defesas Martim Fernandes e Alberto Costa, também os médios Gabri Veiga e Stephen Eustaquio estão em dúvida, enquanto os avançados William Gomes e Luuk de Jong permanecem fora. A ausência prolongada de De Jong é particularmente problemática para as ambições do clube, já que a sua presença física e eficácia finalizadora eram peças centrais no plano ofensivo.
O departamento médico já confirmou que De Jong não recuperará a tempo do clássico com o Benfica, privando Farioli do seu avançado mais experiente num dos encontros mais importantes da época. Da mesma forma, Martim Fernandes — contratado à Juventus este ano — também está descartado por um longo período.
Perspetivas
Apesar de todas estas baixas, o FC Porto parte como claro favorito para o jogo de sábado. O Nacional, recém-promovido e ainda em adaptação à Primeira Liga, deverá apresentar uma postura defensiva e apostar em contra-ataques. Para o Porto, o desafio será manter a intensidade ofensiva enquanto lida com as limitações impostas pelas lesões.
A polivalência de Pepê poderá voltar a ser decisiva, enquanto o desempenho de jovens como Rodrigo Mora, Pedro Lima e até Caicedo poderá oferecer sinais encorajadores quanto à profundidade do plantel no futuro.
Para Francesco Farioli, este momento representa tanto uma dor de cabeça como uma oportunidade. Se, por um lado, as ausências de jogadores-chave complicam os planos imediatos, por outro, oferecem a chance de testar a resiliência do grupo e integrar jovens talentos na dinâmica da equipa principal. Com o Porto na liderança e determinado em manter o ritmo, a forma como o treinador italiano vai gerir este quebra-cabeça de opções pode ser determinante não só para o desfecho de sábado, mas também para o rumo da temporada como um todo.