Miguel Oliveira ligado a mudança para a BMW no WorldSBK enquanto Toprak Razgatlioglu mira MotoGP com a Yamaha
A especulação em torno do futuro de Miguel Oliveira tem-se intensificado nas últimas semanas, com vários relatos a sugerirem que o piloto português poderá estar prestes a deixar o paddock do MotoGP para uma mudança de alto perfil para o Mundial de Superbike com a BMW. Os últimos desenvolvimentos indicam que Oliveira poderá substituir o turco Toprak Razgatlioglu na equipa ROKiT BMW Motorrad WorldSBK em 2026, enquanto o próprio Razgatlioglu poderá preparar-se para uma sensacional mudança para o projeto da Yamaha no MotoGP com a Prima Pramac Racing.
A situação criou uma das histórias mais intrigantes do mercado de pilotos de 2026, interligando os destinos de dois nomes de grande peso que construíram reputações sólidas nas suas respetivas disciplinas.
Complicações contratuais na Pramac Yamaha
O contrato atual de Oliveira com a equipa Prima Pramac Racing Yamaha MotoGP foi inicialmente estruturado como um acordo 1+1, significando que lhe era garantida uma temporada com a equipa em 2025, com opção de extensão para 2026 caso fossem alcançados certos objetivos de desempenho. Infelizmente para o piloto de 29 anos, os resultados na sua época de estreia com a satélite da Yamaha ficaram aquém das expetativas.
Yamaha e Pramac nunca esconderam que esperavam que Oliveira se afirmasse como um concorrente regular no top-10 e, idealmente, que desafiasse por pódios com a YZR-M1 de especificação de fábrica. Embora o português tenha mostrado lampejos do seu talento comprovado, incluindo competitividade em qualificações e ritmo forte nas fases iniciais das corridas, a consistência revelou-se difícil. Problemas mecânicos e a falta de sinergia com o pacote em evolução da Yamaha impediram-no de atingir as metas estipuladas no contrato.
Como resultado, a equipa optou por não acionar a cláusula de renovação, deixando Oliveira sem lugar confirmado para 2026. O seu colega de equipa, Jack Miller, que se juntou à Pramac Yamaha ao mesmo tempo, adaptou-se melhor à moto e deverá permanecer mais uma época. Esta decisão criou uma vaga que se acredita estar destinada a Razgatlioglu.
Toprak e o sonho da Yamaha M1
Para Toprak Razgatlioglu, a possibilidade de finalmente se testar no MotoGP tem sido uma narrativa recorrente ao longo dos anos. O Campeão do Mundo de Superbike de 2021 sempre esteve associado ao projeto da Yamaha na categoria rainha, mas resistiu a ofertas anteriores, preferindo concentrar-se na sua carreira no Superbike. O seu estilo espetacular, as travagens tardias e a coragem em pista transformaram-no numa estrela global, mas até agora manteve-se fiel ao Mundial de Superbike.
Tudo indica que isso mudará em 2026. A Yamaha e a Pramac veem-no como o candidato natural para ocupar o lugar deixado por Oliveira, com fontes próximas a sugerirem que as negociações já estão em fase avançada. Para a Yamaha, a chegada de Razgatlioglu significaria a entrada de um piloto mediático, reforçando tanto o potencial competitivo como o apelo comercial. Para o turco, trata-se da oportunidade há muito aguardada de medir forças com os melhores pilotos e as máquinas mais rápidas do mundo.
O lugar em aberto da BMW e a oportunidade de Oliveira
Com Razgatlioglu aparentemente a caminho do MotoGP, a BMW depara-se agora com uma vaga importante na sua equipa de Superbike. O construtor alemão já confirmou que Danilo Petrucci, outro ex-piloto de MotoGP, se juntará à ROKiT BMW Motorrad WorldSBK em 2026. No entanto, a segunda moto permanece livre após Michael van der Mark anunciar que não continuará com a marca para além de 2025.
É aqui que entra Oliveira. Fontes no paddock relatam que a BMW vê o português como o candidato ideal para fazer dupla com Petrucci. A sua velocidade comprovada, conhecimento técnico e capacidade de adaptação a diferentes fabricantes encaixam no perfil que a marca procura para continuar a perseguir os seus primeiros grandes títulos na era moderna do Superbike.
Questionado sobre a possibilidade de mudar de campeonato, Oliveira não afastou os rumores. Em declarações à MotoGP.com, admitiu que o WorldSBK está a ser considerado seriamente.
“Sim, já disse antes,” reconheceu Oliveira. “Estamos a analisar diferentes opções, não apenas uma, o que é positivo. Vamos tentar tomar a melhor decisão possível para o meu futuro. Espero que nas próximas semanas possamos ter uma ideia mais clara.”
O português também refletiu sobre o equilíbrio entre manter-se ligado ao MotoGP e explorar novos horizontes:
“Disse no fim de semana passado: correr é a minha prioridade número um e aquilo em que me sinto mais capaz neste momento, mesmo que os fabricantes queiram que eu teste para eles porque sou rápido e continuo em contacto com a velocidade do MotoGP. Ao mesmo tempo, também é uma ligação interessante manter-me no paddock do MotoGP, perto das motos mais rápidas do mundo. Não é uma decisão fácil.”
A carreira de Oliveira no MotoGP até agora
Desde a estreia em 2019 com a Tech3 KTM, Oliveira estabeleceu-se como um dos talentos da sua geração. Conquistou a primeira vitória na categoria rainha no Grande Prémio da Estíria de 2020, seguindo-se outra no Grande Prémio de Portugal, em casa.
Em 2021 e 2022, continuou a mostrar a sua capacidade de aproveitar oportunidades, somando triunfos na Catalunha, Indonésia e Tailândia, elevando o seu total de vitórias para cinco. No entanto, o tempo com a KTM de fábrica foi marcado por inconsistência, com a equipa a lutar frequentemente para oferecer uma moto competitiva de forma regular.
A mudança seguinte para a Aprilia, com a satélite RNF Racing, não trouxe o impulso esperado. Lesões e problemas mecânicos marcaram as duas épocas, e apesar de alguns bons momentos, os pódios nunca chegaram. A transferência para a Yamaha com a Pramac em 2025 foi vista como um novo começo, mas a esperada reviravolta ainda não se concretizou.
Agora, ao aproximar-se de uma nova etapa na carreira, Oliveira encontra-se numa encruzilhada.
A opção de piloto de testes
Se a prioridade de Oliveira for manter-se no MotoGP, uma alternativa poderá ser assumir um papel como piloto de testes. A Aprilia, onde já competiu, estará interessada em contar com os seus serviços numa função de desenvolvimento.
Esta posição permitir-lhe-ia permanecer ligado ao paddock do MotoGP, continuar a trabalhar com tecnologia de ponta e manter a porta aberta para aparições como wild-card ou até um regresso a tempo inteiro no futuro. Contudo, a ausência de competição regular torna esta opção menos atrativa para um piloto que ainda sente que pode lutar ao mais alto nível.
O que significaria mudar para o WorldSBK
Caso aceite a proposta da BMW, Oliveira daria um passo importante na carreira, mas não inédito na era moderna. Vários nomes de peso, como Álvaro Bautista, Scott Redding e mais recentemente Danilo Petrucci, fizeram com sucesso a transição do MotoGP para o Mundial de Superbike.
Para a BMW, alinhar Oliveira ao lado de Petrucci resultaria numa dupla carregada de experiência no MotoGP. Ambos trariam não só velocidade, mas também conhecimento técnico profundo, essencial para o desenvolvimento da moto alemã.
O estilo de pilotagem de Oliveira — suave mas agressivo — poderá adaptar-se bem ao formato do Superbike, onde a gestão dos pneus e as lutas corpo a corpo são decisivas. A sua chegada reforçaria a competitividade da BMW e elevaria ainda mais o nível de um campeonato já repleto de talento.
O panorama geral: um mercado em movimento
A possibilidade de Oliveira e Razgatlioglu trocarem de posições evidencia a fluidez do atual mercado de pilotos. Com vários construtores em MotoGP e WorldSBK a remodelarem os seus alinhamentos, surgem oportunidades para quem esteja disposto a dar passos ousados.
Para Oliveira, as próximas semanas serão decisivas. Permanecer como piloto de testes no MotoGP garantir-lhe-ia ligação à categoria rainha, mas com menor visibilidade em fins de semana de corrida. Uma mudança para a BMW no WorldSBK, por outro lado, permitir-lhe-ia continuar a competir ao mais alto nível, embora noutra categoria.
Para Razgatlioglu, a mudança para o MotoGP representa tanto um desafio como um risco. Se tiver sucesso, poderá cimentar o seu legado como um dos pilotos mais versáteis da era. Caso contrário, arrisca manchar o domínio que construiu no Superbike.
Conclusão
O futuro de Miguel Oliveira continua incerto, mas os contornos do próximo passo começam a ganhar forma. Com o seu lugar na Pramac Yamaha a caminho de Razgatlioglu, o português parece cada vez mais perto de abraçar o desafio do WorldSBK com a BMW.
Para Oliveira, a decisão é mais do que uma simples mudança de carreira — trata-se de escolher entre permanecer no MotoGP numa função secundária ou assumir de frente um novo desafio como protagonista no Mundial de Superbike.
Enquanto pondera as opções, uma coisa é clara: o talento e a determinação de Miguel Oliveira nunca estiveram em dúvida. Quer volte a alinhar na grelha do MotoGP, quer encontre na BMW o seu novo lar no WorldSBK, o próximo capítulo da sua carreira promete ser tão fascinante quanto o percurso que o trouxe até aqui.