Miguel Oliveira reflete sobre lesão, recuperação e um novo capítulo na Yamaha
Depois de um início de época desafiante, Miguel Oliveira falou sobre o seu regresso ao MotoGP após uma lesão grave e a sua transição para uma nova equipa. O piloto português falhou várias corridas devido a uma luxação esterno-clavicular sofrida na Argentina, mas voltou ao ativo no Grande Prémio de Le Mans. Numa entrevista concedida pela sua patrocinadora, Estrella Galicia 0,0, Oliveira partilhou informações sobre a sua condição física, resiliência mental e as suas aspirações futuras.
Regressar às corridas e reconstruir-se fisicamente
De volta a Le Mans, o principal objetivo de Oliveira era simplesmente terminar a corrida Sprint. Embora o tenha conseguido, os efeitos físicos da lesão ainda eram evidentes, principalmente ao fazer curvas para a esquerda, o que colocava pressão no seu ombro em recuperação. Apesar destas limitações, descreveu a experiência como edificante, chamando-lhe um triunfo pessoal apenas por poder voltar a correr. Admitiu que, durante a sua recuperação em casa, houve momentos difíceis em que o progresso diminuiu e os níveis de energia caíram. Embora nunca tenha perdido a motivação, manter-se positivo foi, por vezes, um desafio. O apoio de pessoas próximas ajudou-o a ultrapassar estas fases.
Por que razão ele atrasou o seu regresso
Oliveira pensou em voltar a competir em Jerez, mas acabou por desistir porque o seu corpo não estava preparado. A sua decisão não foi influenciada pelo regresso anterior de Jorge Martín e pelo seu subsequente acidente no Qatar, mas testemunhar este incidente reforçou a importância de esperar até que estivesse totalmente em forma. Serviu como um lembrete para controlar o ritmo da sua recuperação e evitar voltar a correr antes de estar realmente preparado, ajudando-o a manter o foco no progresso a longo prazo em vez dos ganhos a curto prazo.
Palavras de cautela e apoio de outros ciclistas
Até estrelas consagradas como Marc Márquez deram conselhos a Oliveira, incentivando-o a dar prioridade à recuperação. Embora Oliveira tenha apreciado o sentimento, reconheceu a pressão que ciclistas como Márquez enfrentam quando carregam o peso da expectativa de serem campeões. Para Oliveira, a principal lição do seu próprio historial de lesões foi a importância de respeitar o processo de recuperação e não tentar saltar etapas essenciais — fazê-lo pode levar a mais contratempos.
Atuação surpresa em Le Mans
Um dos pontos altos do regresso de Oliveira foi encontrar-se inesperadamente em segundo lugar durante a corrida de Le Mans. Só tomou consciência da sua posição quando Marc Márquez o ultrapassou. Esta perceção deu-lhe um impulso mental, mas as condições desafiantes tornaram difícil terminar a corrida. Apesar disso, voltar a competir e marcar pontos pareceu um marco significativo.
Um novo começo com a Yamaha
Este ano marcou uma grande mudança na carreira de Oliveira quando se juntou à equipa Trackhouse apoiada pela Yamaha. Descreveu a transição como inspiradora, destacando o profissionalismo e os fortes valores humanos da equipa. Desde o seu primeiro teste em Barcelona, Oliveira sentiu que fazia parte de algo especial. Embora a moto atual ainda esteja em desenvolvimento e não apresente resultados ótimos, a ambição do projeto e o total empenho da Yamaha dão-lhe confiança quanto ao futuro. Enfatizou a determinação da equipa e a energia positiva em torno do novo empreendimento.
Criar impulso em direção ao final da estação
Olhando para a próxima corrida em Silverstone e para o resto da temporada, Oliveira está focado em recuperar o ritmo e integrar-se melhor na equipa. Cada corrida parece agora mais um bloco de construção num processo maior. O seu objetivo imediato é marcar pontos de forma consistente e terminar as corridas entre os dez primeiros. Está especialmente entusiasmado por terminar a temporada em Portimão, o seu Grande Prémio em casa, onde espera estar em grande forma e pronto para apresentar uma forte prestação perante os adeptos portugueses.
Corrida em casa: um impulso pessoal e emocional
Oliveira expressou o quão significativo é representar Portugal no panorama mundial, apesar de ser oriundo de um país com um panorama de motociclismo menos desenvolvido. Embora isso possa ter dificultado o seu caminho para o MotoGP, o apoio dos fãs portugueses tem sido enorme. Durante a recuperação da lesão, sentiu realmente o impacto desse apoio, o que lhe deu motivação extra para regressar mais forte — não apenas por si, mas por todos os que o torciam.
Inspirando a próxima geração de cavaleiros portugueses
Quando questionado sobre o futuro do motociclismo em Portugal, Oliveira foi sincero. Reconheceu que o país ainda está a recuperar em termos de desenvolvimento de jovens ciclistas e de infraestruturas. Embora se veja como um modelo, também reconhece que os tempos mudaram. As necessidades e os percursos dos jovens ciclistas de hoje são diferentes dos da sua geração. Embora existam talentos promissores, Portugal ainda enfrenta desafios para produzir o próximo cavaleiro de classe mundial.