Miguel Oliveira Enfrenta Mais uma Desilusão com Abandono Prematuro no Grande Prémio dos Países Baixos
As esperanças de Miguel Oliveira para uma exibição competitiva no Grande Prémio dos Países Baixos de 2025 foram frustradas após um incidente nos momentos iniciais da corrida principal, que forçou o piloto português a abandonar prematuramente a prova no TT Circuit Assen. Representando a Trackhouse Racing aos comandos de uma Yamaha YZR-M1, Oliveira viu-se obrigado a retirar-se na oitava volta, na sequência de um momento caótico na Curva 5 que danificou gravemente a sua moto.
O fim de semana já havia começado de forma complicada para o piloto luso, que chegou à ronda neerlandesa sob crescente pressão. Com o seu futuro na grelha da MotoGP para 2026 ainda incerto, cada corrida tem ganho um peso acrescido na tentativa de garantir um lugar na categoria principal. No entanto, Assen pouco ofereceu em termos de redenção. Oliveira qualificou-se apenas na 18.ª posição e, apesar de algum esforço, não conseguiu pontuar na corrida sprint de sábado, terminando em 12.º lugar — recorde-se que apenas os nove primeiros recebem pontos neste formato.
Apesar dos contratempos, havia algum otimismo para a corrida de domingo. Oliveira arrancou com agressividade e precisão, recuperando várias posições logo nas primeiras curvas. Quando o pelotão se aproximou da Curva 5, já o português se encontrava no 14.º posto e parecia preparado para continuar a escalada. Contudo, esse ímpeto promissor foi abruptamente interrompido por uma reação em cadeia inesperada na zona de travagem daquela curva.
Na sua análise pós-corrida, Oliveira explicou que o incidente foi causado por um “efeito de acordeão” súbito à sua frente. Johann Zarco, que rodava logo à frente, tentou uma manobra ambiciosa por dentro, atrás de dois outros pilotos. Ao mesmo tempo, o australiano Jack Miller, imediatamente à frente de Oliveira, travou no exato momento em que o português acelerava para sair da curva. Sem tempo para reagir e sem margem de manobra, Oliveira acabou por tocar no pneu traseiro da moto de Miller.
O contacto quase provocou uma queda de highsider, com Oliveira a perder momentaneamente o controlo da sua Yamaha. De forma inusitada, a presença da moto de Ai Ogura ao seu lado acabou por ser uma ajuda inesperada. A moto de Oliveira inclinou-se contra a de Ogura, com ambos a saírem de pista em direção à gravilha. Ogura não conseguiu evitar a queda e foi projetado, mas Oliveira, num golpe de sorte, conseguiu manter-se em pé e levou a moto danificada até à berma.
Apesar de ter evitado a queda, os danos na Yamaha eram consideráveis. A carenagem dianteira estava partida e o guiador torcido, dificultando imenso o controlo da moto. Determinado a tentar salvar algo da corrida, Oliveira regressou lentamente à via das boxes, onde a sua equipa efetuou reparações de emergência. Substituíram a carenagem dianteira e avaliaram a integridade estrutural da moto, com a esperança de o reenviar para a pista.
“Arranquei muito bem,” disse Oliveira aos jornalistas no final da corrida. “Ganhei logo três posições e sentia-me confiante. Mas tudo mudou na Curva 5. O Zarco entrou por dentro atrás de dois pilotos, e o Jack estava mesmo à minha frente. Ele travou de repente, exatamente quando eu estava a abrir o acelerador. Toquei no pneu traseiro dele e quase fui catapultado da moto. Felizmente, o Ogura estava ao lado e acabei por bater na dele e consegui manter-me em cima da moto.”
Apesar da rápida paragem nas boxes, os danos eram demasiado extensos para que Oliveira pudesse competir em igualdade. Regressou à corrida na última posição e com mais de uma volta de atraso, alimentando uma ténue esperança de que uma eventual bandeira vermelha pudesse reiniciar a prova e dar-lhe uma segunda oportunidade. Esse cenário nunca se concretizou. Após mais algumas voltas em condições precárias, Oliveira e a equipa decidiram retirar a moto de prova na oitava volta.
“Continuei depois da troca da carenagem, só no caso de acontecer algo como uma bandeira vermelha,” continuou. “Mas a moto não estava em condições. O guiador estava completamente desalinhado, o equilíbrio comprometido, e eu não conseguia pilotar como devia. Acabámos por perceber que não fazia sentido continuar. Foi frustrante, porque sentia que tinha ritmo para lutar pelo top 10. Agora nunca saberemos.”
A desilusão ganha ainda mais peso considerando o simbolismo do fim de semana, tanto para Oliveira como para a marca Yamaha. Este ano assinala-se o 70.º aniversário da presença da Yamaha no desporto motorizado, e todos os pilotos da marca, incluindo Oliveira, competiram com uma decoração especial comemorativa. A pintura única, pensada para homenagear a história da fabricante japonesa, acabou por ser apenas uma nota agridoce num dia de frustração.
Para Oliveira, este resultado representa mais um revés numa temporada que ainda não trouxe as performances consistentes de que precisa para garantir a continuidade no paddock. Com a luta por lugares na grelha de 2026 a intensificar-se e vários jovens talentos a emergirem, a pressão sobre o piloto português aumenta a cada prova. Infelizmente, em Assen, as circunstâncias jogaram contra ele, e um fim de semana que começou com esperança terminou sem qualquer ponto somado.
“Eu acreditava mesmo que tinha algo para mostrar hoje,” concluiu Oliveira. “Tudo estava a alinhar-se após aquele bom arranque. Mas, por vezes, nas corridas, acontecem coisas que estão completamente fora do nosso controlo. É dececionante para mim, para a equipa e para todos os que nos apoiam — especialmente num fim de semana tão importante para a Yamaha. Agora só nos resta olhar para a próxima corrida e continuar a lutar.”
O Grande Prémio dos Países Baixos deixa Miguel Oliveira ainda à procura do seu primeiro resultado de relevo na temporada de 2025. Com o calendário a avançar rapidamente e poucas corridas restantes antes das decisões contratuais para 2026, cada prova torna-se uma oportunidade crítica — e mais um teste à resiliência do piloto português.