Yamaha Enfrenta Decisões Cruciais para a Formação da Equipe de MotoGP em 2026 com a Chegada de Razgatlioglu e as Dificuldades Persistentes de Rins
À medida que a temporada de MotoGP de 2026 se aproxima, a Yamaha se vê em um momento decisivo, obrigada a reavaliar sua estratégia de pilotos após a contratação de alto perfil do bicampeão do Mundial de Superbike, Toprak Razgatlioglu. Com a tão aguardada promoção do piloto turco para a MotoGP agora confirmada, a Yamaha terá de reestruturar sua formação para acomodar sua chegada — desencadeando um efeito dominó que pode alterar drasticamente o futuro de Miguel Oliveira, Jack Miller e Alex Rins.
O contrato de múltiplos anos de Razgatlioglu com a Yamaha prevê sua estreia na MotoGP em 2026 com uma YZR-M1 em especificação de fábrica. No entanto, devido ao seu contrato de patrocínio pessoal com a Red Bull — que entra em conflito direto com a Monster Energy, patrocinadora principal da equipe de fábrica da Yamaha — Razgatlioglu será alocado na equipe Pramac Racing, recém-estabelecida como equipe satélite da Yamaha.
Essa decisão implica que Miguel Oliveira ou Jack Miller — atualmente ocupando as duas vagas na Pramac — terão de ceder espaço para a entrada de Razgatlioglu. Inicialmente, tudo indicava que Oliveira estaria sob maior pressão, especialmente devido às cláusulas do seu contrato e ao desempenho abaixo do esperado. No entanto, as recentes atuações de Alex Rins na equipe de fábrica complicaram os cálculos internos da Yamaha, potencialmente mudando o rumo de quem fica e quem será descartado.
Vagas na Pramac em Risco: Oliveira e Miller Lutam por Sobrevivência
Desde que chegaram à Pramac Yamaha em 2025, tanto Miguel Oliveira quanto Jack Miller vêm sendo avaliados de perto. Miller assinou um contrato de um ano — um acordo de curto prazo que o colocou imediatamente sob pressão para apresentar resultados e garantir uma possível renovação. Oliveira, por sua vez, firmou um contrato de dois anos com suporte técnico da Yamaha, mas com uma cláusula de desempenho: a equipe tem o direito de rescindir seu contrato caso ele seja o piloto Yamaha com pior rendimento até a pausa de verão.
Infelizmente para o piloto português, essa cláusula já entrou em vigor. Na metade da temporada, Oliveira soma apenas seis pontos no campeonato — um número que o iguala ao piloto de testes da Yamaha, Augusto Fernandez, que sequer participa da temporada de forma integral. Esse desempenho decepcionante coloca Oliveira na última posição entre os pilotos da Yamaha, atrás até mesmo de Miller, que já acumula 31 pontos. Na liderança, aparece Fabio Quartararo com 61 pontos, seguido de Alex Rins com 32.
Se a Yamaha precisasse tomar uma decisão hoje, Miller estaria em vantagem sobre Oliveira, tanto em pontos quanto em consistência nas qualificações. No entanto, os acontecimentos no Grande Prêmio da Holanda de 2025, em Assen, podem ter mudado totalmente a equação.
Rins Afunda Novamente Enquanto Quartararo Brilha em Assen
As sessões de qualificação no Circuito TT de Assen acrescentaram mais um dado que pode forçar a Yamaha a reconsiderar a composição atual de sua equipe de fábrica. Enquanto Fabio Quartararo conquistou sua quarta pole position da temporada com uma volta impressionante de 1:30.651, o outro piloto de fábrica da Yamaha, Alex Rins, teve um dos piores desempenhos do fim de semana. O espanhol não conseguiu passar do Q1 e se classificou em 19º — à frente apenas de Ai Ogura, Aleix Espargaró e Somkiat Chantra.
Essa nova falha em qualificação reforça uma tendência preocupante para Rins, que já não conseguiu superar Quartararo em nenhuma das nove etapas da temporada de 2025. A diferença de ritmo e consistência entre os dois companheiros de equipe tem se tornado cada vez mais evidente. Enquanto Quartararo volta a ser uma ameaça real nas sessões classificatórias, Rins se mostra cada vez mais uma peça fraca, incapaz de extrair o melhor rendimento da M1.
Mais comprometedor ainda é a comparação com Jack Miller. Apesar de pilotar uma moto satélite e estar em seu primeiro ano com a Yamaha, Miller superou Rins nas qualificações em sete das nove etapas realizadas até aqui, com destaques como a Tailândia (P4 contra P19 de Rins), América (P9 vs. P14) e Grã-Bretanha (P6 vs. P12). Em algumas ocasiões, Miller chegou a superar até mesmo Quartararo, mostrando adaptação rápida e potencial inexplorado para assumir uma vaga na equipe de fábrica.
Miguel Oliveira também superou Rins em Assen, classificando-se em 18º contra o 19º lugar do espanhol. Embora não seja um grande resultado, mostra o quão distante Rins está de sua antiga forma dos tempos de Suzuki e Honda.
Yamaha Pode Dispensar Rins ao Invés de Oliveira ou Miller?
A princípio, a grande decisão da Yamaha girava em torno de qual piloto da Pramac seria liberado em 2026 para abrir espaço para Razgatlioglu. No entanto, com o desempenho persistentemente fraco de Rins e os resultados consistentes de Miller, a discussão começa a se deslocar para uma possível saída de Rins da equipe de fábrica.
Essa decisão não seria simples, já que Rins possui contrato até o fim da temporada de 2026. Contudo, contratos na MotoGP frequentemente contêm cláusulas de desempenho ou termos de rescisão mútua, e a Yamaha pode estar considerando essas opções. Se Rins continuar decepcionando, especialmente nas qualificações — onde a velocidade pura é crucial —, será difícil justificar sua permanência em uma vaga tão importante, especialmente diante de nomes mais promissores ou consistentes como Miller ou até mesmo Oliveira, que tem tido papel fundamental no desenvolvimento técnico da M1 nesta temporada.
Fontes internas da equipe elogiaram Oliveira por seu feedback técnico detalhado e sensibilidade mecânica — qualidades que a Yamaha valoriza bastante, principalmente neste processo de reestruturação da M1 após temporadas de críticas. Apesar dos resultados em corrida serem fracos, sua contribuição nos bastidores pode pesar o suficiente para garantir uma nova chance, sobretudo em um papel de apoio ao lado de um estreante de alto nível como Razgatlioglu.
Uma Possível Reestruturação: Como Pode Ficar a Yamaha em 2026
Caso a Yamaha opte por se desfazer de Rins, isso abriria espaço para uma estratégia revista, preservando seus pilotos mais promissores enquanto facilita a transição de Razgatlioglu para a MotoGP.
A formação da Yamaha para 2026 poderia então ficar da seguinte forma:
Equipe de Fábrica Yamaha: Fabio Quartararo e Jack Miller
Equipe Pramac Yamaha: Toprak Razgatlioglu e Miguel Oliveira
Essa estrutura manteria Quartararo como referência técnica da equipe, premiaria Miller com uma merecida promoção por seu bom desempenho, e permitiria a Razgatlioglu competir com equipamento de fábrica, mas sem a pressão imediata da equipe principal. Ao mesmo tempo, Oliveira permaneceria como uma peça valiosa no desenvolvimento e apoio técnico na Pramac.
Mais importante ainda, essa solução oferece continuidade técnica entre as duas equipes e foca nos resultados. Envia também uma mensagem clara de que desempenho — e não reputação passada — será o critério determinante para a permanência na estrutura Yamaha.
Conclusão: Yamaha Precisa Colocar o Desempenho Acima de Tudo
Com a chegada de Razgatlioglu se aproximando e as expectativas em alta, a Yamaha não pode se dar ao luxo de tomar decisões sentimentais ou pautadas em conveniências. Os sinais estão se tornando claros para Alex Rins, cujas repetidas falhas em classificação, como visto em Assen, indicam que talvez ele já não seja uma solução viável para o futuro da equipe de fábrica.
Embora Oliveira e Miller ainda estejam lutando por seu espaço no grid de 2026, Rins acabou entrando nesse debate — não por cláusulas contratuais, mas por suas próprias falhas em pista. Se a Yamaha realmente pretende se reconstruir como uma candidata constante ao título, ela precisa priorizar velocidade, capacidade de desenvolvimento e adaptabilidade.
A entrada de Razgatlioglu na classe principal é uma oportunidade única para renovar o projeto e injetar nova energia na equipe. Mas, para isso funcionar, decisões difíceis precisarão ser tomadas — e, com base na forma atual, liberar Rins pode ser a solução mais lógica, ainda que inesperada.