Miguel Oliveira olha para o Grande Prémio do Japão como a última corrida em casa da Yamaha antes da futura mudança
À medida que a temporada de MotoGP de 2025 entra na sua fase decisiva, o piloto português Miguel Oliveira prepara-se para aquilo que poderá ser a sua última aparição em Motegi aos comandos de uma moto de fábrica japonesa. Com a Yamaha já a ter confirmado que o piloto não fará parte dos seus planos para 2026, e com a especulação a aumentar em torno de uma possível mudança de carreira para o Campeonato do Mundo de Superbikes com a BMW, o Grande Prémio do Japão ganhou um significado adicional para o piloto de 30 anos.
Apesar da incerteza em torno do seu futuro, Oliveira deixou claro que pretende abraçar a ronda de Motegi com entusiasmo e respeito, particularmente devido ao valor simbólico de competir na corrida em casa da Yamaha.
Oliveira sobre a importância de Motegi
Falando antes do Grande Prémio do Japão, Oliveira destacou a sua admiração pelo país e a sua gratidão pela oportunidade de competir ali integrado num programa da Yamaha, ainda que temporariamente.
“Esta é uma corrida especial para mim, não só porque é o Grande Prémio em casa da Yamaha com a Prima Pramac Yamaha, mas também porque sou fascinado por este país e fico sempre feliz por regressar,” explicou Oliveira.
O piloto português sublinhou ainda o significado mais profundo de correr por uma marca japonesa diante dos seus adeptos e da sua equipa de fábrica.
“Fazê-lo como piloto de um fabricante japonês torna tudo ainda mais especial. Senti o grande entusiasmo dos funcionários da Yamaha durante a visita de hoje à Yamaha Motor Racing em Iwata, e espero que possamos continuar a construir sobre os progressos recentes. Estamos a melhorar a cada fim de semana e a mostrar uma competitividade crescente, o que é uma enorme motivação,” acrescentou.
Para Oliveira, a ronda japonesa não é apenas mais uma paragem no calendário, mas sim uma ocasião que resume tanto o orgulho pessoal como o dever profissional. A oportunidade de retribuir a confiança da Yamaha durante uma época desafiante é algo que ele claramente valoriza.
Um novo capítulo para a Pramac Yamaha
O Grande Prémio do Japão deste ano também tem um peso especial para a equipa Prima Pramac Yamaha. Tendo mudado de afiliação no final de 2024, após anos de parceria com a Ducati, a equipa italiana compete agora em Motegi como a estrutura satélite oficial da Yamaha pela primeira vez.
A transição trouxe tanto oportunidades como desafios. Embora a equipa tenha sido encorajada por sinais de competitividade, a adaptação contínua à YZR-M1 tem sido uma das principais narrativas da sua campanha de estreia com a marca japonesa.
Borsoi avalia o desafio de Motegi
O Diretor de Equipa, Gino Borsoi, destacou tanto as oportunidades como os obstáculos que o circuito de Motegi representa para o pacote da Yamaha. Conhecida pelo seu traçado de “stop-and-go” e pela ênfase na travagem, a pista poderá favorecer a estabilidade da moto na desaceleração, ao mesmo tempo que testará a sua capacidade de arrancar forte das curvas mais lentas.
“Vimos de uma corrida onde alcançámos um resultado razoável, e estamos prontos para tentar novamente aqui em Motegi, uma ronda especialmente importante por ser o Grande Prémio em casa da Yamaha,” afirmou Borsoi.
“Em Motegi, a travagem forte é essencial, o que encaixa perfeitamente numa das principais forças da YZR-M1. As saídas de curva, no entanto, serão onde vamos ter mais dificuldades. Esperamos que o progresso feito nas últimas corridas continue aqui, para que possamos oferecer um bom resultado aos muitos adeptos da Yamaha que estarão a torcer por nós.”
As palavras de Borsoi captam o equilíbrio delicado que a Yamaha enfrenta no Japão — explorar os pontos fortes da moto em termos de manuseamento e estabilidade em travagem, enquanto trabalha para minimizar as limitações na aceleração em comparação com os rivais.
Um momento de reflexão e motivação
Embora o foco de piloto e equipa permaneça em maximizar a performance em Motegi, há uma inevitável sensação de transição. Oliveira, vencedor de cinco corridas na categoria rainha, construiu a sua carreira alternando entre papéis em equipas satélite e de fábrica com a KTM, Aprilia e agora Yamaha. A sua iminente saída do MotoGP rumo às Superbikes, se confirmada, marcará o fim de um capítulo e o início de outro.
Por agora, no entanto, a sua atenção está firmemente em Motegi e em oferecer uma performance que reflita tanto as suas capacidades como o progresso alcançado pela parceria com a Pramac Yamaha. A corrida representa uma oportunidade de se despedir da Yamaha em solo japonês com espírito competitivo, ao mesmo tempo que oferece aos adeptos no Japão a chance de verem um dos pilotos mais versáteis da modalidade a competir com total compromisso.
Perspetivas para o fim de semana
À medida que o MotoGP ruma para o Grande Prémio do Japão, tanto Oliveira como a estrutura Pramac Yamaha encaram a ronda com uma mistura de otimismo e realismo. Com o apoio dos adeptos locais e a motivação adicional de correr no coração do legado da Yamaha, a equipa está determinada a continuar a demonstrar melhorias incrementais.
Para Oliveira, pessoalmente, o evento simboliza mais do que apenas outra entrada no calendário. É um momento de ligação — com os adeptos japoneses, com a força laboral da Yamaha e, talvez, com a trajetória mais ampla da sua carreira, enquanto se prepara para uma provável mudança para um novo campeonato em 2026.
Quer Motegi traga ou não o resultado de destaque que piloto e equipa esperam, permanecerá como uma etapa simbólica e emocional para Oliveira, uma corrida que poderá muito bem marcar o ato final da sua associação ao MotoGP com um fabricante japonês.